domingo, 5 de agosto de 2012

Sobre o voto nulo (Bruno Momesso Bertolo)

Por que o voto nulo é tão combatido no Brasil? Por qual razão não há na urna eletrônica um botão destinado ao voto nulo, assim como ocorre com o voto em branco? Por qual motivo o voto nulo é tratado como tabu, como se fosse um assunto a ser ocultado?

Como é notório, criou-se e incutiu-se no imaginário popular a ideia de que votar nulo é sinônimo de desperdício. Incentiva-se, pasme, a votar no "menos ruim". Aliás, como se mensura quem é o "menos ruim"?

Alguém escolhe no supermercado o alimento "menos ruim"? Alguém compra o automóvel "menos ruim"? Alguém se casa com o "menos ruim"? A resposta é não, claro. Então por que a maioria da população age assim no que concerne a algo tão importante como o voto?

A História da recente democracia brasileira está repleta de exemplos de candidatos considerados "menos ruim" que, após serem eleitos e no exercício do poder, demonstraram ser tão ruins quanto. Apesar disso, muitos ainda defendem referido modo de votar. Lógica inexiste!

Se não bastasse, boa parcela do eleitorado é fatalista e a submissa, possuindo uma equivocada percepção de que temos que nos contentar com os candidatos disponíveis, sob o argumento de que "alguém tem que governar". Neste ponto, cumpre indagar: tem que ser alguém de índole duvidosa? Fazendo um paralelo, seria como adquirir o alimento menos estragado do supermercado, já que todos estavam em condições impróprias. Estranho e insensato, não? E votar assim, pode?

Alega-se que não adianta votar nulo, porque se uma única pessoa votar em um candidato, o voto deste eleitor prevalecerá. Por esse prisma, de que adianta praticar o bem se muitos perpetram o mal?

Embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que não haverá anulação das eleições se 50% mais um do eleitorado votar nulo (vencerá o candidato com mais votos válidos), tal modo de votar é um instrumento para demonstrar o descontentamento com os candidatos atuais. Ademais, que legitimidade teria um governante eleito com menos votos? Talvez, se houvesse manifestações populares, o eleito renunciaria ao mandato (se houver senso crítico, assim agirá espontaneamente), bem como os demais pretensos substitutos. É, em minha opinião, o único método (via sufrágio) para reformulamos o panorama político-eleitoral. Utópico ou não, é mais eficiente que votar no "menos ruim".

Alguns sustentam que votar nulo é ser omisso. Quer saber? Se assim for, é preferível. Antes omisso do que cúmplice. Ao menos não me arrependerei de ter contribuído para a dilapidação do erário e suas consequências nefastas. Não escolher é uma opção!

E você? Ainda lamentando por ter votado em quem não devia? Vai arriscar de novo? Boa sorte! E meus pêsames!

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo 100%. Acho absurdo e antidemocrático ser obrigado a escolher um quando não confio em nenhum.