Por
que o voto nulo é tão combatido no Brasil? Por qual razão não há na urna
eletrônica um botão destinado ao voto nulo, assim como ocorre com o voto em
branco? Por qual motivo o voto nulo é tratado como tabu, como se fosse um
assunto a ser ocultado?
Como
é notório, criou-se e incutiu-se no imaginário popular a ideia de que votar
nulo é sinônimo de desperdício. Incentiva-se, pasme, a votar no "menos ruim". Aliás,
como se mensura quem é o "menos ruim"?
Alguém
escolhe no supermercado o alimento "menos ruim"? Alguém compra o automóvel "menos
ruim"? Alguém se casa com o "menos ruim"? A resposta é não, claro. Então por que
a maioria da população age assim no que concerne a algo tão importante como o
voto?
A
História da recente democracia brasileira está repleta de exemplos de
candidatos considerados "menos ruim" que, após serem eleitos e no exercício do
poder, demonstraram ser tão ruins quanto. Apesar disso, muitos ainda defendem
referido modo de votar. Lógica inexiste!
Se
não bastasse, boa parcela do eleitorado é fatalista e a submissa, possuindo uma
equivocada percepção de que temos que nos contentar com os candidatos disponíveis,
sob o argumento de que "alguém tem que governar". Neste ponto, cumpre indagar:
tem que ser alguém de índole duvidosa? Fazendo um paralelo, seria como adquirir
o alimento menos estragado do supermercado, já que todos estavam em condições
impróprias. Estranho e insensato, não? E votar assim, pode?
Alega-se
que não adianta votar nulo, porque se uma única pessoa votar em um candidato, o
voto deste eleitor prevalecerá. Por esse prisma, de que adianta praticar o bem
se muitos perpetram o mal?
Embora
o Tribunal Superior Eleitoral entenda que não haverá anulação das eleições se 50%
mais um do eleitorado votar nulo (vencerá o candidato com mais votos válidos), tal
modo de votar é um instrumento para demonstrar o descontentamento com os
candidatos atuais. Ademais, que legitimidade teria um governante eleito com
menos votos? Talvez, se houvesse manifestações populares, o eleito renunciaria
ao mandato (se houver senso crítico, assim agirá espontaneamente), bem como os
demais pretensos substitutos. É, em minha opinião, o único método (via
sufrágio) para reformulamos o panorama político-eleitoral. Utópico ou não, é
mais eficiente que votar no "menos ruim".
Alguns
sustentam que votar nulo é ser omisso. Quer saber? Se assim for, é preferível.
Antes omisso do que cúmplice. Ao menos não me arrependerei de ter contribuído
para a dilapidação do erário e suas consequências nefastas. Não escolher é uma
opção!
E
você? Ainda lamentando por ter votado em quem não devia? Vai arriscar de novo?
Boa sorte! E meus pêsames!
Um comentário:
Concordo 100%. Acho absurdo e antidemocrático ser obrigado a escolher um quando não confio em nenhum.
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