domingo, 27 de novembro de 2011

A idade e a mudança (Lya Luft)

Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo. Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.

E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: “pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?”.

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado “juventude eterna”. Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se "mudança".

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. Olhe-se no espelho...

domingo, 6 de novembro de 2011

“Ecologizar” é preciso (Bruno Momesso Bertolo)

Recentemente, conforme estimativas, a população mundial atingiu a marca de 7 bilhões de pessoas. A cada segundo, 5 seres humanos nascem em todo o mundo, totalizando, portanto, 432.000 habitantes a mais por dia. Tais números são, no mínimo, preocupantes. Nos últimos dias, a indagação maior foi se haverá alimento para os mencionados 7 bilhões. A meu ver, a questão deveria ser outra: a Terra suportará tantos humanos?

Afinal, nossa presença no planeta (equivalente a 2 minutos se a idade da Terra fosse resumida em 365 dias) se assemelha a de um parasita, o qual exaure todos os recursos de seu hospedeiro, até levá-lo à morte. Tanto é assim que a comunidade científica, especialmente os geólogos, cogitam instituir uma nova era geológica, denominada Antropoceno, atrelada aos impactos ambientais causados pelo homem. Em outras palavras, seremos equiparados ao meteoro que extinguiu os dinossauros. E não é à toa.

Por dia, uma pessoa produz aproximadamente 5 quilos de lixo. No Brasil são gerados, diariamente, 240.000 toneladas de lixo. 90% de aludida quantia é destinada a aterros sanitários. Até quando será possível empurrar nossa sujeira para debaixo do tapete?

Infelizmente, a reciclagem no país limita-se às latas de alumínio, da qual somos recordistas mundiais, em razão de necessidade financeira de muitos catadores, não da conscientização ecológica. Com efeito, a reciclagem brasileira de papéis, plásticos e vidro, materiais altamente poluentes e amplamente utilizados, é pífia.

É sempre oportuno lembrar: 50 quilos de papel reciclado poupa uma árvore; 50 quilos de alumínio reciclado evita a extração de 5 toneladas de bauxita; 1 quilo de vidro reciclado gerará outro quilo de vidro, economizando muita energia. Ademais, uma garrafa de vidro ou plástico pode demorar até 1 milhão de anos para se decompor.

Há inúmeras maneiras de mitigarmos o dano ambiental decorrente das atividades humanas. Algumas são conhecidas, embora sejam pouco aplicadas. Evitar o desperdício de água e energia, por exemplo. Outras não são tão divulgadas, porém basta pesquisar sobre o assunto para obter alternativas simples e/ou novas condutas. Calibrar os pneus dos veículos semanalmente, por exemplo, reduz o consumo de combustível.

Não adianta reclamar da inércia estatal e/ou empresarial. Façamos a nossa parte! Se informe e notará que não é difícil ajudar. Pequenas contribuições multiplicadas fazem toda a diferença. Requer alguma disciplina e perseverança adotar novos comportamentos, entretanto, em pouco tempo, tornar-se-ão hábitos. Propague a ideia entre amigos e familiares.

Parafraseando Luís Vaz de Camões, brilhante poeta que em sua época assinalava que “navegar é preciso”, enfrentamos um novo limiar: “ecologizar” é preciso. Ou adotamos posturas ecologicamente corretas, ou então a Terra efetivará as providências necessárias para o equilíbrio natural. E o final não será feliz para nós. O homo sapiens precisa da Terra, porém a recíproca não é verdadeira.

Nosso planeta tem nos alertado por meio de diversos sinais. Já passou da hora de prestarmos atenção. Se não o faremos por consciência ao meio ambiente e às demais espécies, façamos por um ato primitivo, instintivo e um tanto egoísta: a autopreservação.

E não esqueça de reciclar este texto. Agradeço desde já!