Todos
os dias lemos nos jornais notícias de acidentes graves ou fatais no trânsito. Anualmente,
mais de 40 mil pessoas falecem e outras 100 mil ficam inválidas no trânsito
brasileiro, razão pela qual ocupamos, conforme informações da Organização
Mundial da Saúde, o 5º lugar no mundo nesse quesito.
Apesar
dos supramencionados e alarmantes dados, nenhuma providência concreta é
efetivada pelo Poder Público. Alguns simplificam o problema, atribuindo referida
carnificina a um ente despersonalizado, carinhosamente denominado como trânsito
assassino. Neste ponto é necessário indagar: o trânsito é assassino ou os
assassinos estão no trânsito?
Afinal,
quem comete homicídio na condução de veículo automotor estando embriagado, em
altas velocidades e/ou distraído (celular, CD-player, etc.), não deve se
enganar: é tão assassino quanto quem puxa um gatilho. Tais comportamentos ao
volante muito se assemelham ao dolo eventual, isto é, a pessoa assume o risco
de produzir o resultado. Há uma controvérsia na doutrina e na jurisprudência
nesse sentido, prevalecendo, infelizmente, a tese de homicídio culposo, algo
que fomenta o sentimento de impunidade, pois eventuais condenações são, em
regra, penas pecuniárias e serviços comunitários.
Aliás,
muitos motoristas ainda não perceberam que os veículos, quando utilizados sem
responsabilidade, são verdadeiras armas, já que matam e mutilam. A essência de
quem mata, seja no trânsito, seja com armas, é idêntica. Uma vida é ceifada, de
modo que as circunstâncias possuem somenos importância diante da trágica consequência.
Não
se trata de fatalidades. É, sem dúvidas, irresponsabilidade. Quando o resultado
ocorre em razão de negligência ou imprudência, tem-se um fator humano envolvido
e, portanto, associado a uma conduta. Fugir da responsabilidade atribuindo as
causas ao imponderável não mudará o ato perpetrado, tampouco mitigará o
sentimento de culpa, que, algum dia, estará presente, ainda que
inconscientemente.
Dirigir um veículo enseja grande responsabilidade.
Lembre-se: você pode matar uma pessoa. Imagine a culpa eterna que você sentiria
e a dor ocasionada aos outros. Se isso não for suficiente, tenha em mente que
você pode ser alvo de um processo criminal, ficar inválido ou com sequelas
irreversíveis. Se isso ainda não for o bastante, não olvide que você pode falecer
e causar um sofrimento imensurável a seus pais, familiares e amigos.
Siga
as regras básicas. Dirija por você e pelos outros, praticando a direção defensiva.
Anteveja o movimento do motorista ao lado, do pedestre e se previna. Não pague
para ver o que acontecerá. Seja cordial com todos os transeuntes e condutores. Na
dúvida, dê a preferência ou pare. Fazendo nossa parte dificilmente seremos mais
uma vítima do trânsito assassino.