Após
ler duas reportagens da Tribuna de Limeira publicadas no final de semana dos dias
30 e 31 de dezembro de 2017, quais sejam, “Sem oposição, Botion tem 100% dos
projetos aprovados” e “Câmara quase deu “título” a Del Nero”, seria impossível
não tecer comentários sobre referidos temas.
Inicialmente,
urge trazer a lume três citações de consagrados escritores sul-americanos:
1)
“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”
(Nelson Rodrigues);
2) “A unanimidade comporta uma parcela de entusiasmo, uma de conveniência e uma de desinformação” (Carlos Drummond de Andrade); e
3)
“A
unanimidade é a opinião daquele que manda” (Luis Felipe Algell de Lama,
conhecido como Sofocleto).
Supramencionadas
frases dizem algo sobre a primeira notícia. Nem Michel Temer, com suas práticas
nada republicanas, conseguiu a unanimidade. O que acontece na Câmara
limeirense? Tudo é tão paradisíaco assim, especialmente na atual conjuntura,
isto é, uma crise política-institucional sem precedentes? Limeira seria uma
ilha incólume? O Prefeito seria perfeito (desculpem o trocadilho!)? Indagações
naturais que emergem diante de uma aprovação irrestrita. Se algum vereador
puder e almejar responder, agradecemos (pedindo escusas desde já por atrapalhar
o recesso que durará até 2 de fevereiro!).
Vamos
lembrar: há alguns anos, em um município da Dinamarca, um alcaide governava
soberano, acompanhado por uma legião alcunhada de “tropa de choque”, a qual chancelava
todos os atos do chefe do Poder Executivo. Deu no que deu: escândalo nacional!
Esses dinamarqueses não aprendem!
Neste
ponto, abordaremos a segunda notícia: o afastado Presidente da CBF, investigado
por malfeitos, quase (ufa!) recebeu o título de cidadão limeirense. Segundo o
autor do projeto, a homenagem seria porque Del Nero “trouxe a Copa São Paulo
para cá e ajudou com melhorias no Limeirão e Pradão”. Puxa! Será que aludido
fato, por si só, é suficiente para conceder o título de cidadão limeirense a
alguém? São inúmeras as pessoas (de outras naturalidades) que estão instaladas
há décadas aqui, trabalhando arduamente e amparando diversos limeirenses, sendo
exemplos de dedicação e humanismo, entretanto, não recebem tal honraria. Qual a
explicação? Qual o critério (se é que ele existe!) para conceder o título?
Ao
que tudo indica, se trata de mera politicagem (da qual estamos fartos!). Um
edil resolve agradar um conhecido, um amigo, um correligionário partidário ou
religioso (e por aí vai...), então propõe agraciá-lo com o título de cidadão de
determinada localidade. Haja paciência! Até quando os Poderes Legislativos municipais
continuarão atuando apenas como instituições de emissão de títulos e honrarias?
Como
cidadão limeirense nato que reside neste município desde o nascimento, peço aos
vereadores, por obséquio, que comecem a ser verdadeiros representantes do povo,
vigiando a utilização do erário pelo Executivo e o decoro parlamentar de seus
pares. Em suma, prezados edis: menos politicagem, mais fiscalização! Muito
obrigado!