domingo, 14 de janeiro de 2018

Menos politicagem, mais fiscalização! (Bruno Momesso Bertolo)


Após ler duas reportagens da Tribuna de Limeira publicadas no final de semana dos dias 30 e 31 de dezembro de 2017, quais sejam, “Sem oposição, Botion tem 100% dos projetos aprovados” e “Câmara quase deu “título” a Del Nero”, seria impossível não tecer comentários sobre referidos temas.

Inicialmente, urge trazer a lume três citações de consagrados escritores sul-americanos:
1) “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar” (Nelson Rodrigues);

2) “A unanimidade comporta uma parcela de entusiasmo, uma de conveniência e uma de desinformação” (Carlos Drummond de Andrade); e


3) “A unanimidade é a opinião daquele que manda” (Luis Felipe Algell de Lama, conhecido como Sofocleto).

Supramencionadas frases dizem algo sobre a primeira notícia. Nem Michel Temer, com suas práticas nada republicanas, conseguiu a unanimidade. O que acontece na Câmara limeirense? Tudo é tão paradisíaco assim, especialmente na atual conjuntura, isto é, uma crise política-institucional sem precedentes? Limeira seria uma ilha incólume? O Prefeito seria perfeito (desculpem o trocadilho!)? Indagações naturais que emergem diante de uma aprovação irrestrita. Se algum vereador puder e almejar responder, agradecemos (pedindo escusas desde já por atrapalhar o recesso que durará até 2 de fevereiro!).

Vamos lembrar: há alguns anos, em um município da Dinamarca, um alcaide governava soberano, acompanhado por uma legião alcunhada de “tropa de choque”, a qual chancelava todos os atos do chefe do Poder Executivo. Deu no que deu: escândalo nacional! Esses dinamarqueses não aprendem!

Neste ponto, abordaremos a segunda notícia: o afastado Presidente da CBF, investigado por malfeitos, quase (ufa!) recebeu o título de cidadão limeirense. Segundo o autor do projeto, a homenagem seria porque Del Nero “trouxe a Copa São Paulo para cá e ajudou com melhorias no Limeirão e Pradão”. Puxa! Será que aludido fato, por si só, é suficiente para conceder o título de cidadão limeirense a alguém? São inúmeras as pessoas (de outras naturalidades) que estão instaladas há décadas aqui, trabalhando arduamente e amparando diversos limeirenses, sendo exemplos de dedicação e humanismo, entretanto, não recebem tal honraria. Qual a explicação? Qual o critério (se é que ele existe!) para conceder o título?

Ao que tudo indica, se trata de mera politicagem (da qual estamos fartos!). Um edil resolve agradar um conhecido, um amigo, um correligionário partidário ou religioso (e por aí vai...), então propõe agraciá-lo com o título de cidadão de determinada localidade. Haja paciência! Até quando os Poderes Legislativos municipais continuarão atuando apenas como instituições de emissão de títulos e honrarias?

Como cidadão limeirense nato que reside neste município desde o nascimento, peço aos vereadores, por obséquio, que comecem a ser verdadeiros representantes do povo, vigiando a utilização do erário pelo Executivo e o decoro parlamentar de seus pares. Em suma, prezados edis: menos politicagem, mais fiscalização! Muito obrigado!