domingo, 1 de março de 2009

Rubens Barrichello, a Fórmula 1 e o senso de justiça (Bruno Kazuhiro)

Eu sei que os leitores poderão se perguntar o que uma postagem que fala sobre Rubens Barrichello tem a ver com um blog que prioriza a política como tema. A resposta é que realmente são assuntos que não tem nenhuma correlação aparente e que estou apenas usando algumas linhas do blog para expressar minha opinião sobre o piloto. Acredito que muitos leitores possam, como eu, se interessar por Fórmula 1 nas horas vagas, como hobby. Aos que não se interessarem, me desculpem, desconsiderem essa postagem.

Dito isso, passemos a falar de Rubinho. Seria difícil para mim expressar corretamente o que senti quando soube que o piloto continuaria a correr na maior categoria do automobilismo mundial. Não é felicidade, não é alívio, é algo mais relacionado a um sentimento de que a justiça foi feita.

Para mim, Rubens Barrichello está longe de ser um covarde ou um azarado, como muitos o pintam. Em minha opinião, Barrichello é um injustiçado, um grande piloto, um exímio motorista, que teve como país de nascença um local onde ser o segundo colocado no maior campeonato do mundo é motivo de chacota.

Barrichello merece sim, reverências. Barrichello deve sim, ser respeitado. Não é qualquer piloto brasileiro que chega a ser duas vezes vice-campeão mundial de Fórmula 1, não é qualquer pessoa que resiste corajosamente e com um sorriso no rosto a ver seu nome ser manchado injustificadamente.

O caso de Michael Schumacher é emblemático. Rubinho era, sim, obrigado a ceder espaço ao alemão. A vitória só poderia ser do brasileiro se o alemão não a pudesse mais obter. Nesse momento aparecem as questões dos críticos sobre o porquê de Barrichello ter aceitado tais condições. Ora bolas, Barrichello viu na Ferrari a oportunidade de uma vida, era a melhor escuderia, com o melhor carro. O erro de Barrichello não foi se submeter a Schumacher, isso não estava nos planos, ele não foi para a Ferrari para ficar à sombra, o erro dele foi achar que conseguiria cavar seu espaço dentro da equipe italiana, o que nunca conseguiu. E esse erro ele admite, para quem quiser ouvir.

Visto que nunca teria chance de ser o piloto que queria ser dentro da Ferrari, Rubens se desmotivou e a mudança para a Honda foi um movimento em busca do retorno dessa motivação. O carro, muito ruim, atrapalhou demais, porém, Rubinho não esmoreceu. Manteve-se guiando, se manteve em forma, se manteve acreditando.

Recentemente, a Honda esteve em vias de fechar as portas e Rubinho nem mesmo tinha a garantia de continuar na equipe caso ela não o fizesse. No fim das contas, a equipe foi assumida pelo diretor Ross Brawn, conhecido de Rubinho desde os tempos da Ferrari. Rubinho foi mantido, não só pelo talento e pela experiência, como também, com certeza, pela noção de Brawn de que assim a justiça estaria sendo feita.

A verdade é que Barrichello merece mais do que já conseguiu, Barrichello é quem me faz assistir as corridas nos domingos. É ele, e não Massa, que me faz pular do sofá quando um bom resultado é obtido ou uma boa volta é marcada no treino de classificação.

Meu senso de justiça me diz que é Barrichello quem merece minha torcida. Barrichello tem, esse ano, mais uma chance de provar ser um piloto merecedor de glórias maiores do que as que já obteve. Bons resultados com a novata Brawn provarão isso. Por mais que as tais glórias não sejam obtidas.

Saibam os leitores que leram até aqui que este blogueiro estará em frente à televisão, todo domingo, torcendo por um carro que não é o melhor, o mais bonito ou o mais rápido, e sim, o mais emocionante.

Cresci torcendo por Barrichello, assim como cresci torcendo pelo futuro do Brasil. Não mudarei nisso jamais.