domingo, 4 de maio de 2014

Há 20 anos (Bruno Momesso Bertolo)


20 anos!!! E parece que foi ontem. 

Meu pai sentado na poltrona e eu deitado no sofá ao lado assistíamos ao GP de San Marino, como sempre fazíamos. Se não bastasse o violento acidente de Barrichello na sexta-feira e a morte de Ratzenberger no sábado, uma forte colisão aconteceu logo na largada entre Lamy e Lehto. O cenário era muito sombrio. O carro de segurança entrou na pista até que os destroços fossem recolhidos e a relargada foi dada depois de 6 voltas. Na volta seguinte, Ayrton Senna seguiu reto na curva Tamburello e bateu contra o muro em alta velocidade. 

Neste momento, virei para meu pai e disse: "Que droga, 30 a 0 para o alemão!". Jamais passou pela minha cabeça que Senna poderia morrer, assim como ocorreu na mente de milhões de brasileiros. Sim, claro que tínhamos ciência que ele era humano, logo, mortal, porém era algo um tanto inconcebível de se imaginar. 

Ayrton não saiu do carro e, quando as imagens focalizaram a Williams destruída e cabeça de piloto tombando, tive uma péssima sensação e um frio na espinha. Levantei do sofá e fiquei próximo à televisão, ora em pé, ora sentado, aguardando que Senna esboçasse alguma reação, que jamais veio. 

Depois dos primeiros socorros prestados a Senna a corrida se reiniciou e fomos almoçar na casa de minha avó materna. Nossa família acompanhava as notícias acerca do estado de saúde de Senna com receio e esperança, apesar do quadro clínico ser gravíssimo. 

À tarde fui à casa de um grande amigo, Daniel Massaro Simonetti, para jogar videogame. Após alguns minutos, a mãe de Daniel apareceu na sala em que estávamos e comunicou o falecimento de Senna. Não podia acreditar. 

Falei para ele que queria acompanhar as notícias em minha residência (situada a meia quadra), pedi desculpas e me despedi. Ao chegar em casa, chorei! 

Na época tinha 12 anos e foi minha primeira experiência direta com a morte. Foi difícil aceitar. Cheguei a declarar que nunca mais acompanharia o Automobilismo, mas a paixão foi maior. E entendi que Ayrton apenas deixou este plano material para adentrar em outro, permanecendo vivo por meio de seu legado. 

Hoje, 20 anos depois, Senna é lembrado em todo o mundo, seja como pessoa, seja como piloto. Sou grato por ter tido o privilégio de acompanhar sua carreira. E pretendo manter a memória de Ayrton viva: contarei ao Lorenzo as histórias de Senninha, mostrarei os documentários e narrarei as grandes conquistas de nosso estimado esportista. 

Ayrton Senna para sempre!!!