"Quantidade
não é qualidade". Assim preceitua o antigo provérbio popular, tão repetido por
nossos avós. Aludido adágio se aplica, impecavelmente, a uma recente e nova conjuntura
limeirense: a possibilidade de 2º turno nas eleições municipais que se aproximam.
Alguns
sugerem que Limeira tornou-se uma metrópole, unicamente porque agora comporta dois
turnos. Outros alegam que o 2º turno representará um debate político maior. A
meu ver, será apenas mais uma etapa de inúmeras promessas que serão prontamente
esquecidas após o escrutínio. E nossa cidade continuará com suas inúmeras
deficiências, nada obstante tenha potencial para evoluir.
Para
alcançarmos a cifra de 200.000 eleitores, incentivou-se, nos meios de
comunicação e redes sociais, os jovens de 16 anos a 18 anos incompletos a
anteciparem seus registros eleitorais, pois seus votos são facultativos. Aliás,
eis uma das grandes aberrações de nossa legislação: entende-se que uma pessoa
possui capacidade para votar aos 16 anos, embora seja incapaz de dirigir um
veículo automotor e ser responsabilizado penalmente. Lógica inexiste, afinal, a
responsabilidade embutida no sufrágio é maior que a de conduzir um automóvel, pois
decide a vida de toda a sociedade.
Longe
de generalizar e com todo respeito às exceções, mas me dá calafrios imaginar
tais jovens, a maioria alienada e despolitizada, votando. Como esperar um novo
panorama na política limeirense se os eleitores não se demonstram preparados e
instruídos politicamente?
Duvida?
Então faça o teste. Pergunte a estes jovens eleitores, especialmente os de 16 anos
a 18 anos incompletos, sobre eventos importantes da política e atualidade (somente
em âmbito municipal, para evitarmos resultados mais desastrosos). As respostas
serão monossilábicas, desconexas e/ou pueris, se é que as teremos. Um silêncio
ensurdecedor não pode ser descartado.
Algo
é certo: se houver 2º turno, as barganhas políticas serão ferrenhas. Apoio
político sempre foi sinônimo de futuros cargos. Comprometer-se-á, de imediato,
a independência da candidatura, maculando o governo antes mesmo de seu início.
É exatamente desta promiscuidade – que alguns cínicos alegam "ser parte do
jogo" – que nascem a corrupção e a ingovernabilidade, sobretudo porque o bem
comum é olvidado para atender a interesses particulares de poucos.
Considerando
os candidatos cogitados, a elevada quantidade de eleitores despolitizados e os corriqueiros
escândalos políticos de nossa Limeira, questiono até se mereceremos o 1º turno.
Sobra quantidade e falta qualidade, seja de candidatos, seja de eleitores.
Espero
que você, leitor e eleitor, demonstre o quão equivocado estou. Ficarei
profundamente feliz. Afinal, teremos uma Limeira efetivamente melhor em
qualidade. É o que realmente importa.