domingo, 1 de julho de 2012

Quantidade não é qualidade (Bruno Momesso Bertolo)

"Quantidade não é qualidade". Assim preceitua o antigo provérbio popular, tão repetido por nossos avós. Aludido adágio se aplica, impecavelmente, a uma recente e nova conjuntura limeirense: a possibilidade de 2º turno nas eleições municipais que se aproximam.

Alguns sugerem que Limeira tornou-se uma metrópole, unicamente porque agora comporta dois turnos. Outros alegam que o 2º turno representará um debate político maior. A meu ver, será apenas mais uma etapa de inúmeras promessas que serão prontamente esquecidas após o escrutínio. E nossa cidade continuará com suas inúmeras deficiências, nada obstante tenha potencial para evoluir.

Para alcançarmos a cifra de 200.000 eleitores, incentivou-se, nos meios de comunicação e redes sociais, os jovens de 16 anos a 18 anos incompletos a anteciparem seus registros eleitorais, pois seus votos são facultativos. Aliás, eis uma das grandes aberrações de nossa legislação: entende-se que uma pessoa possui capacidade para votar aos 16 anos, embora seja incapaz de dirigir um veículo automotor e ser responsabilizado penalmente. Lógica inexiste, afinal, a responsabilidade embutida no sufrágio é maior que a de conduzir um automóvel, pois decide a vida de toda a sociedade.

Longe de generalizar e com todo respeito às exceções, mas me dá calafrios imaginar tais jovens, a maioria alienada e despolitizada, votando. Como esperar um novo panorama na política limeirense se os eleitores não se demonstram preparados e instruídos politicamente?

Duvida? Então faça o teste. Pergunte a estes jovens eleitores, especialmente os de 16 anos a 18 anos incompletos, sobre eventos importantes da política e atualidade (somente em âmbito municipal, para evitarmos resultados mais desastrosos). As respostas serão monossilábicas, desconexas e/ou pueris, se é que as teremos. Um silêncio ensurdecedor não pode ser descartado.

Algo é certo: se houver 2º turno, as barganhas políticas serão ferrenhas. Apoio político sempre foi sinônimo de futuros cargos. Comprometer-se-á, de imediato, a independência da candidatura, maculando o governo antes mesmo de seu início. É exatamente desta promiscuidade – que alguns cínicos alegam "ser parte do jogo" – que nascem a corrupção e a ingovernabilidade, sobretudo porque o bem comum é olvidado para atender a interesses particulares de poucos.

Considerando os candidatos cogitados, a elevada quantidade de eleitores despolitizados e os corriqueiros escândalos políticos de nossa Limeira, questiono até se mereceremos o 1º turno. Sobra quantidade e falta qualidade, seja de candidatos, seja de eleitores.

Espero que você, leitor e eleitor, demonstre o quão equivocado estou. Ficarei profundamente feliz. Afinal, teremos uma Limeira efetivamente melhor em qualidade. É o que realmente importa.