domingo, 2 de novembro de 2014

Reforma política já! (Bruno Momesso Bertolo)


As eleições presidenciais deste ano surpreenderam por dois motivos, quais sejam, a ausência de propostas de governo e o percentual pífio (3%) entre a eleita e o derrotado no pleito.

Outro índice, menos comentado e merecedor de destaque, foi a porcentagem de eleitores que optaram por não participar do escrutínio no 2º turno. 30 milhões (21%) sequer compareceram aos locais de votação. 5milhões (4,6%) de votos nulos e 2 milhões (1,7%) de votos em branco complementam o cenário. Ou seja: mais de 1/4 do eleitorado (37 milhões) entenderam que nenhum dos presidenciáveis era digno de seu sufrágio.

O recado óbvio: uma reforma política é imperiosa. Para ontem. Transcorridos 26 anos desde a promulgação da atual Constituição Federal, resta patente que o processo eleitoral e político são insuficientes aos anseios da população. Nem poderia ser diferente.

Com efeito, o modelo presidencialista que vigora em nosso país concede aos representantes a permanência no cargo por 4 anos ininterruptos, período em que poderão atuar conforme seus interesses e alvedrios, sem maiores incômodos ou problemas, havendo apenas alguns incidentes de percurso (ações judiciais, CPIs etc.). Inexistindo quaisquer intimidações reais de perda de mandato, não é de se estranhar que muitos tenham como objetivos o benefício pessoal e/ou político, pois somente indivíduos de elevada evolução espiritual não tendem a abusar do poder. Isso é histórico e incontroverso.

As alternativas são diversas, evidentemente. A mais interessante e democrática, a meu ver, é o voto distrital com recall. Em apertada síntese, aludido sistema determina que um percentual (1,5 ou 10%) de eleitores de um local, a cada 3 ou 6 meses, possa convocar eleições para avaliar a administração de um governante ou parlamentar. Se porventura o político for considerado ineficiente ou ímprobo, ele será destituído do mandato outrora adjudicado, substituindo-o por outro. Em outras palavras, nossos representantes deixariam de ser monarcas e seriam tratados como são, isto é, funcionários do povo. Não atendeu ao interesse público e/ou foi desonesto? Demissão! É ou não o sistema mais próximo do conceito de democracia, o governo do povo, pelo povo e para o povo?

Almeja mudanças concretas na política nacional? Espera algo além de discutir duas faces da mesma moeda? Deseja uma democracia mais efetiva? Então lute pela reforma política, visando ao voto distrital com recall. Existe um conhecido abaixo-assinado na internet, assine-o e divulgue-o! Somente assim poderemos promover as alterações que o Brasil precisa. O resto é conversa fiada (também conhecida como horário eleitoral gratuito)!

domingo, 19 de outubro de 2014

Professores, heróis esquecidos (Bruno Momesso Bertolo)


"Ao mestre, com carinho", "Escritores da liberdade" e "Mentes perigosas" são três excelentes filmes sobre o relacionamento entre professores e alunos. Em síntese, aludidas películas narram histórias de docentes que são hostilizados por seus estudantes indisciplinados, mas que adquirem a confiança e admiração de seus discípulos posteriormente.

Infelizmente, a vida não imita a arte, como constatamos com as lamentáveis notícias acerca de ofensas, agressões e até assassinatos sofridos por professores, algo que se tornou corriqueiro, com mínimas ou inexistentes intervenções estatais para coibir referidas afrontas.

O que seriam de todos os profissionais sem os educadores? Em uma sociedade civilizada e ética, professores são venerados e reconhecidos pelos demais cidadãos e pelo Estado. A educação pública é um dos pilares de uma nação, sendo desnecessário percentual mínimo (25% da receita, conforme determina nossa Constituição Federal) a ser aplicado, pois o governo deveria ter ciência da suma importância da educação.

Os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Hong Kong, Singapura e Taiwan), outrora países subdesenvolvidos, se tornaram expoentes econômicos em razão de maciços investimentos no setor educacional, atingindo elevadas taxas de crescimento em apenas 3 décadas. Eis um exemplo a ser seguido, urgentemente.

Por derradeiro, um brilhante ensinamento do saudoso Paulo Freire: "Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda".

Professores, vocês são verdadeiros heróis, embora esquecidos! Parabéns pelo Dia! Desejo-lhes muita força e perseverança em suas lutas inglórias! E muito obrigado a todos que foram meus mestres!

domingo, 28 de setembro de 2014

Seis por meia dúzia (Bruno Momesso Bertolo)

 
Duas pessoas se encontram e iniciam uma conversa. A primeira diz que prefere ser vítima de um estelionato. A outra contesta, afirmando que é melhor ser furtada. Em seguida, uma comenta que receber um disparo de arma de fogo no joelho direito é preferível, enquanto a outra sustenta que no joelho esquerdo a dor é menor. Evidentemente, referidas discussões não possuem muito sentido, é algo próximo a debater o sexo dos anjos. Todavia, as redes sociais e comentários de internet estão repletos de contendas semelhantes, especialmente no que concerne à disputa eleitoral pela Presidência.

Defensores de um partido alegam que, embora haja casos de corrupção, o importante é que o Brasil progrediu socialmente. Seus detratores, por sua vez, sustentam que os atos de improbidade administrativa são inaceitáveis, a despeito de nada mencionarem sobre atitudes semelhantes do governo anterior. Há, pasmem, debates sobre qual escândalo é pior, o mensalão ou a compra da reeleição! E por aí vai... A premissa básica é: ao adversário tudo é proibido e aos meus partidários tudo é permitido. Traçando um paralelo, seria como convidar um assaltante para ingressar em seu lar, afinal, ele "apenas" ameaça, agride e rouba, pois poderia ser bem pior, como ocorreria se fosse um latrocida.

Na política brasileira, o acusador de hoje é o acusado de amanhã. Ideologia inexiste, trata-se somente de interesse político, que também pode ser moeda de troca, dependendo dos anseios dos envolvidos. Desde 1988 é assim e o povo brasileiro parece gostar de ser, supostamente, enganado. Todos prometem tudo, porém, após serem eleitos, nada ou pouco é modificado.

A essência do voto é a escolha, contudo, atualmente a filosofia da maioria do eleitorado é o sufrágio por exclusão, por ódio e/ou por coação. Vota-se por votar, vota-se no "menos pior", vota-se no fulano para extirpar beltrano do poder, vota-se por simpatia, vota-se por obediência religiosa etc. É isso a democracia brasileira? O que almejamos para o país? Aonde tortuosas posturas ao votar nos levarão?

Depois de alguns meses no poder, a verdadeira personalidade do governante se revela, ocasião em que ninguém assume a paternidade eleitoral, como ocorreu após um impeachment presidencial e uma cassação municipal. Se porventura localizar algum de aludidos eleitores, a resposta padronizada será a de que "não tinha em quem votar", eximindo-se de culpa pela opção nefasta.

Ao que tudo indica, o brasileiro se satisfaz ao trocar seis por meia dúzia. Enquanto isso, a corrupção permanece, os impostos aumentam, os serviços públicos definham, as instituições são aviltadas e o país naufraga. Está na hora do brasileiro acordar... Ou será tarde demais!

domingo, 21 de setembro de 2014

Se você quer palhaçada, então terá palhaçada! (Bruno Momesso Bertolo)

 
Depois de me preparar psicologicamente, tomar coragem, respirar fundo e contar até 10, resolvi assistir ao horário (leia-se hilário) eleitoral (que não é) gratuito. O arrependimento foi instantâneo! Na televisão desfilavam um rol, no mínimo, inusitado: humoristas, atores, cantores, ex-BBBs, funkeiras, ator pornô, médico-cirurgião, ex-atletas, dentre outros. Até um cidadão que alega ser discípulo do Diabo é candidato (é, faz sentido!).

Não sabia se ria ou se chorava. Diante de aludida dúvida, optei por desligar a televisão e lerum jornal, porém a notícia estampada era a de que Tiririca lidera as pesquisas para parlamentar. Não me restou alternativa senão redigir o presente artigo...

Inicialmente, ressalto que não se trata de uma apologia ao voto censitário ou algo semelhante. Jamais! Sobreditos candidatos agem no gozo de seus direitos políticos e possuem legitimidade para fazer o que almejarem (desde que em consonância com os ditames legais, claro) em suas campanhas políticas. Porém, me assombra a quantidade de espetáculos tragicômicos e a receptividade do eleitorado.

Uma simples indagação é suficiente para elucidar o que penso: você entraria em um avião que seria governado senão por um piloto credenciado? Você se submeteria a uma cirurgia senão por um médico formado? Creio que não, né? Então porque é aceitável votar em um candidato despreparado para cargos cujas atribuições são legislar e fiscalizar?

Em outras palavras: se você quer palhaçada, então terá palhaçada. Não é possível colher maçãs se plantar bananas. Depois não reclame e arque com as consequências de um ato imprudente. Alguns dirão: "Ah, mas é um voto de protesto, pois não há candidato digno de meu voto". Então anule! Ao votar nulo, ainda que por via transversa, você afirmará que nenhum concorrente mereceu sua confiança, bem como que acredita que uma reforma política é imperiosa. Ao votar no pretendente engraçadinho, o único efeito será conduzi-lo a um importante cargo sem o necessário preparo.

Que leis podemos esperar de um grupo composto por celebridades e pseudocelebridades? Não olvido que alguns dos mencionados aspirantes sejam capazes e inteligentes. Entretanto e ao que tudo indica, eles são utilizados como fantoches dos partidos políticos, ávidos por conquistar votações expressivas em razão da fama e carisma do candidato, podendo, inclusive, eleger indiretamente outros da sigla partidária (o “puxar votos” decorrente do coeficiente eleitoral).

E aí, abestado, vai arriscar?

domingo, 24 de agosto de 2014

Não há destino (Bruno Momesso Bertolo)

 
"É o meu destino!". Eis uma frase utilizada com frequência, em pleno Século XXI, para justificar fracassos e/ou percalços, seja na vida pessoal, seja na profissional.

Você pode lidar (ou arriscar-se ao menos) com as discussões familiares, os problemas laborais, as dificuldades financeiras e o advento de doenças, ou pode (tentar, pois não conseguirá) se esquivar delas. O comodismo, a letargia e a complacência, ainda que inconscientes e não-deliberadas, são escolhas. A dor e o sofrimento são ensinamentos, porém não precisam ser um carma ou fado. Ninguém nasce para ser infeliz, muito pelo contrário.

Neste ponto, urge mencionar um exemplo notável, Thomas Alva Edison, um dos mais importantes (quiçá o expoente) inventores e cientista da História, responsável por 2.332 patentes, dentre as quais se destacam a lâmpada incandescente, o fonógrafo, o cinematógrafo e o gramofone.

Certa vez, durante uma entrevista, foi perguntado qual era o sentimento por ele ter falhado 25 mil (isso mesmo!) vezes na tentativa de criar uma bateria. A resposta foi incisiva: "Não sei por que você acha que foi um fracasso. Hoje eu conheço 25 mil maneiras de como não fazer uma bateria". Em outra ocasião, nova indagação, acerca das 2 mil tentativas frustradas ao inventar a lâmpada: "Eu não falhei nem uma vez. Inventei a lâmpada incandescente, só que foi um processo com 2 mil etapas".

Thomas Edison, aliás, é autor de uma esclarecedora citação sobre o assunto: "Muitos dos fracassos da vida ocorrem com as pessoas que não reconheceram o quão próximas estavam do sucesso quando desistiram". Se porventura Edison optasse pela desistência, acreditando que era seu destino não ser bem sucedido, indubitavelmente o processo tecnológico teria sido retardado, algumas invenções talvez até não existissem.

Idêntico procedimento aplica-se às nossas vidas. Temos o livre-arbítrio para mudar o que desejarmos, por mais difícil e impossível que pareça. Grandes jornadas e conquistas começam com o passo inicial. E, ainda que não seja bem sucedido em seu anseio, a luta em si é muito mais importante. A inércia não é (nunca foi e nunca será) instrumento de modificação.

Faça o seu destino! Enfrente os obstáculos, dialogue,procure alternativas, tome decisões, mude radicalmente, improvise, recomece etc. Em outras palavras: seja atuante e o condutor de sua existência. Nunca desista e batalhe sempre! A felicidade estará mais próxima do que imagina.

domingo, 22 de junho de 2014

O exemplo do Japão (Bruno Momesso Bertolo)

 
Diversos meios de comunicação noticiaram um fato que causou surpresa em muitos brasileiros: os torcedores japoneses que compareceram à Arena Pernambuco para assistir ao duelo entre sua seleção e a da Costa do Marfim, mesmo diante da derrota por 2x1, recolheram, ao final do embate futebolístico, todo o lixo produzido por eles. Tal conduta possui nome: educação.

Na ideologiados cidadãos da Terra do Sol Nascente, não há preocupação se os demais agirão de forma idêntica, o que importa é sua consciência e seu comportamento. O nipônico busca a virtude. Bom, por aqui é um pouco diferente, né? Em terras tupiniquins, os lemas são outros: "os fins justificam os meios", "todo mundo age assim", "ser honesto é ser otário", "meus direitos, seus deveres" e por aí adiante...
 
Neste ponto, urge trazer a lume o relato de Ha Minh Thanh, um imigrante vietnamita que atuava como policial em Fukushima, quando ocorreu o devastador terremoto de 2011.
"Ontem à noite fui enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir mantimentos aos refugiados. Era uma fila muito longa e notei no final dela, um garotinho de uns 9 anos que usava uma camiseta e uma bermuda.O menino estava tremendo. Tirei minha jaqueta de policial e coloquei sobre ele. Foi aí que minha bolsa de bento (comida) caiu. Entreguei-lhe, dizendo:
– Quando chegar a sua vez a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi. Por que você não come?
Ele pegou a minha comida e fez uma reverência. Pensei que ele iria comer imediatamente, mas ele não o fez. Foi até o início da fila e colocou-a onde os demais alimentos estavam esperando para serem distribuídos.cFiquei chocado. Perguntei-lhe porque ele não havia comido. Ele respondeu:
– Porque vejo pessoas com mais fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles irão distribuí-la de forma mais igualitária."

Em qual pátria encontraríamos uma criança de tenra idade e em estado de necessidade disposta a se sacrificar em prol do interesse coletivo? O povo japonês merece veneração e aplausos. É, sem dúvidas, um exemplo a ser seguido.

Eis algumas das razões que explicam porque o Japão, cujo território possui dimensões semelhantes ao Estado do Mato Grosso do Sul e deficiência de recursos naturais, tornou-se e é uma potência mundial, apesar dos elevados transtornos provocados por terremotos, tornados e tsunamis. Almejo que meus conterrâneos se inspirem na cultura oriental para evoluirmos como sociedade e nação. Uma frase que circula pelas redes sociais resume meu anseio: "Japão, eu troco nosso futebol pela sua educação!".

domingo, 4 de maio de 2014

Há 20 anos (Bruno Momesso Bertolo)


20 anos!!! E parece que foi ontem. 

Meu pai sentado na poltrona e eu deitado no sofá ao lado assistíamos ao GP de San Marino, como sempre fazíamos. Se não bastasse o violento acidente de Barrichello na sexta-feira e a morte de Ratzenberger no sábado, uma forte colisão aconteceu logo na largada entre Lamy e Lehto. O cenário era muito sombrio. O carro de segurança entrou na pista até que os destroços fossem recolhidos e a relargada foi dada depois de 6 voltas. Na volta seguinte, Ayrton Senna seguiu reto na curva Tamburello e bateu contra o muro em alta velocidade. 

Neste momento, virei para meu pai e disse: "Que droga, 30 a 0 para o alemão!". Jamais passou pela minha cabeça que Senna poderia morrer, assim como ocorreu na mente de milhões de brasileiros. Sim, claro que tínhamos ciência que ele era humano, logo, mortal, porém era algo um tanto inconcebível de se imaginar. 

Ayrton não saiu do carro e, quando as imagens focalizaram a Williams destruída e cabeça de piloto tombando, tive uma péssima sensação e um frio na espinha. Levantei do sofá e fiquei próximo à televisão, ora em pé, ora sentado, aguardando que Senna esboçasse alguma reação, que jamais veio. 

Depois dos primeiros socorros prestados a Senna a corrida se reiniciou e fomos almoçar na casa de minha avó materna. Nossa família acompanhava as notícias acerca do estado de saúde de Senna com receio e esperança, apesar do quadro clínico ser gravíssimo. 

À tarde fui à casa de um grande amigo, Daniel Massaro Simonetti, para jogar videogame. Após alguns minutos, a mãe de Daniel apareceu na sala em que estávamos e comunicou o falecimento de Senna. Não podia acreditar. 

Falei para ele que queria acompanhar as notícias em minha residência (situada a meia quadra), pedi desculpas e me despedi. Ao chegar em casa, chorei! 

Na época tinha 12 anos e foi minha primeira experiência direta com a morte. Foi difícil aceitar. Cheguei a declarar que nunca mais acompanharia o Automobilismo, mas a paixão foi maior. E entendi que Ayrton apenas deixou este plano material para adentrar em outro, permanecendo vivo por meio de seu legado. 

Hoje, 20 anos depois, Senna é lembrado em todo o mundo, seja como pessoa, seja como piloto. Sou grato por ter tido o privilégio de acompanhar sua carreira. E pretendo manter a memória de Ayrton viva: contarei ao Lorenzo as histórias de Senninha, mostrarei os documentários e narrarei as grandes conquistas de nosso estimado esportista. 

Ayrton Senna para sempre!!!

domingo, 27 de abril de 2014

Programa Mais Políticos (Bruno Momesso Bertolo)


Não tecerei maiores comentários sobre o controverso Programa Mais Médicos, o qual, em minha modesta opinião, não enfrenta os reais problemas do sistema público de saúde brasileiro, que são estruturais em razão dos pífios investimentos realizados no setor.

O intuito do presente artigo é, partindo das premissas do Programa Mais Médicos, sugerir outro semelhante, que batizarei como "Mais Políticos". Sim, isso mesmo! Mas, antes de me ofender, deixe-me explicar! A princípio muitos leitores bradarão: "Mais políticos? Já não temos bastante?". Sim, até demais! O cerne do assunto é que precisamos de políticos estrangeiros. Vejamos.

Necessitamos importar um Primeiro-Ministro idêntico ao da Suécia, que opta por investir em serviços públicos de qualidade e se recusa a sediar Olimpíadas (as fluminenses atingiram o patamar de 30 bilhões de reais). Aliás, a residência oficial do Chefe de Governo sueco possui 300 metros quadrados, sendo desprovida de empregados, de modo que o governante e seus familiares são encarregados das tarefas domésticas. Não, não é piada!

Ademais, urge naturalizar os parlamentares de sobredita nação nórdica, que moram em apartamentos de 40 metros quadrados, despojados de máquina de lavar roupas (que são comunitárias e necessitam de agendamento para serem utilizadas), sem luxos e/ou mordomias (quase igual ao que ocorre do lado oposto do Oceano Atlântico, ao sudeste do continente). E referida situação é tratada por lá como regalia, haja vista que antes da década de 90 os deputados dormiam em sofás-cama em seus gabinetes. Não há, ainda, assessores, secretários e aspones, muito menos veículos com motoristas (ô, dó!).

Em minha inocência, acreditava que a forma de governo da Suécia era a Monarquia, todavia, me enganei. Reinado é o que temos no Brasil e com uma agravante: são inúmeras majestades com obscenos privilégios.

Vou adivinhar o pensamento de alguns eleitores: "Ah, a Suécia é outro mundo, outra mentalidade, não há como comparar". Eis a réplica: José Mujica, Presidente do Uruguai (sim, aqui do lado), vive com aproximadamente 2,5 mil reais por mês e tem como carro oficial um Corsa. Se não bastasse, seu patrimônio particular se restringe a uma pequena propriedade rural e um Fusca. E agora, José (você, não o Mujica)?

Ao importar políticos forasteiros como os alhures mencionados, certamente teríamos uma revolução da Administração Pública no Brasil. Afinal, as esperanças dos cidadãos tupiniquins em relação aos nossos políticos acabaram há muitos anos!

domingo, 30 de março de 2014

Boicote a Copa do Mundo! (Bruno Momesso Bertolo)


Pesquisa divulgada recentemente pelo Datafolha apontou que o índice de aprovação à realização da Copa do Mundo no país atingiu os 52%, o menor já registrado desde o início (novembro de 2008) de referida análise. No mesmo período, o patamar da rejeição ao evento subiu de 10% para 38%.

Em outras palavras: o brasileiro começou a notar que a "Copa das Copas" é um grande engodo, cujo maior (senão único) legado será uma imensurável conta a ser paga pelos contribuintes por meio da elevada carga tributária.

Entretanto, nada adianta a rejeição, por si só. É imperiosa uma atitude de quilate: boicotar a Copa do Mundo.

Afinal, se você adquirir ingressos ou assistir aos jogos pela televisão, estará dizendo que o governo federal agiu corretamente ao sediar a Copa do Mundo, preterindo investimentos em setores básicos para prestigiar tal evento. Compactuar com a Copa do Mundo no Brasil é, ainda que por via transversa, ter as mãos sujas de sangue. É ser cúmplice da corrupção.

Eu não vou ligar a televisão como forma de protesto. É pouco, mas também é muito. Não me entenda mal: eu adoro eventos esportivos mundiais, tais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos (de verão e de inverno). Todavia, gosto de vê-los nos países que podem se dar ao luxo de sediá-los. Não é o caso do Brasil, evidentemente.

Neste ponto, alguns leitores estarão pensando: "Esse cara é radical demais!". É muito fácil ponderar assim no conforto do lar. Quero que se imagine em uma situação emergencial, dependendo do serviço de segurança pública ou de um hospital público (local onde será encaminhado pelo SAMU, ainda que tenha plano de saúde), no qual sua vida ou a de um familiar esteja em risco. Imagine se os R$ 35 bilhões empregados na Copa do Mundo tivessem outro destino, como a saúde ou segurança pública. Imagine se isso representaria a diferença entre a vida ou a morte de seu ente querido.

Creio que, em supramencionada situação, não me rotularia como extremista. Se ainda assim o fizer, então sugiro que, ao perceber a precariedade dos serviços públicos, não reclame. Em seguida, estufe o peito e cante com ardor: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor"...

O Brasil necessita abandonar a pecha de país do futebol e da corrupção. Já passou da hora. Sejamos o país da educação universal, da saúde eficaz, da segurança pública presente, do emprego estável etc. Para todos os cidadãos.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Brasil abaixo de zero (Bruno Momesso Bertolo)


Há algumas semanas, Dilma Rousseff, nossa governanta federal afirmou: "É uma visão pequena do Brasil, muito pequena do Brasil não perceber a importância que a Copa do Mundo tem para o povo brasileiro e para o país. A Copa é um dos eventos culturais mais importantes do nosso país, mobiliza todas as classes e está nos nossos corações" (sic).

Dias antes, a cidade de Estocolmo abdicou da candidatura para sede das Olimpíadas de Inverno de 2022. Sten Nordin, Prefeito de referido município asseverou: "Não posso recomendar à Assembleia Municipal que dê prioridade à realização de um evento olímpico. Temos outras necessidades, como a construção de mais moradias". O Primeiro-Ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, também apoiou a renúncia de tal pretensão, cujos gastos seriam de aproximadamente 4 bilhões de reais.

Que concepção nanica dos suecos, não? Investir em habitação, desenvolvimento e previdência social para quê?

Seria cômica se não fosse trágica supramencionada inversão de papéis. A Suécia, um dos países menos corruptos e mais democráticos do mundo, adotando uma postura zelosa e proba com o erário. Enquanto isso, em terras tupiniquins, uma nação extremamente corrupta, serão despendidos mais de 35 bilhões de reais para realizar uma Copa do Mundo (valor superior à soma das 3 últimas edições do Mundial de Futebol, pasme!!!).

Excelentíssima Presidente da República (que parece se preocupar tão-somente com a Copa das Copas), diante de sua excepcional e ampla percepção administrativa, sugiro que o Brasil se habilite a sediar as Olimpíadas de Inverno de 2022. Será uma excelente oportunidade para demonstrar ao mundo que também somos capazes de efetivar aludidos jogos. Poderia se tornar até filme hollywoodiano: "Brasil abaixo de zero". Já pensou? Essas preferências de investir dinheiro público em educação, saúde, segurança, habitação e outros serviços básicos é coisa de país sem visão, como a Suécia.

E não vamos poupar nos gastos, afinal, a infraestrutura criada em torno do evento será utilizada posteriormente, representando verdadeiro legado aos brasileiros. As máquinas empregadas (imaginou cada licitação interessante?) para fabricar/conservar a neve e o gelo seriam de grande valia, por exemplo, aos pinguins do Pantanal ou da Amazônia. Um inegável investimento em prol do meio ambiente! Só um alienado não concordaria...

Por evidente, sobredita recomendação e seus argumentos são meros escárnios. Mas não duvide que alguém já tenha cogitado algo parecido. Estamos no Brasil, um país onde nada parece ser impossível. Nem piorar.