domingo, 4 de março de 2012

Somos todos culpados (Bruno Momesso Bertolo)

24 de fevereiro de 2012 é uma data histórica para Limeira. Pela primeira vez um Prefeito foi cassado na cidade. A atmosfera é de exultação e justiça. Todavia, não devemos nos iludir. Nossa estimada Limeira e o Brasil permanecem inalterados.

O presente artigo não se trata de uma peça acusatória. É uma reflexão que deve ser enfrentada pelos cidadãos brasileiros.

Muitos estão indignados com a situação política, seja em âmbito municipal, estadual e/ou federal. Entretanto, poucos são os legitimados a tecerem críticas, sem que paire algum vestígio de hipocrisia. Noutras palavras: somos todos culpados!

Culpados por não votar conscientemente, vale dizer, sem conhecer plenamente o candidato, sobretudo sua trajetória política e pessoal. Culpados por votar em um candidato que promete defender interesses de apenas uma classe profissional. Culpados por eleger políticos a pedido ou imposição de líderes religiosos. Culpados por destinar o voto a um membro da comunidade, como se a atividade de um edil se limitasse a seu reduto eleitoral.

Em suma: temos cabal (ir)responsabilidade pelos representantes eleitos. E nossa conivência é ainda mais grave por não cobrarmos constantemente os parlamentares e governantes, fazendo-o somente quando a conjuntura torna-se extrema e, quiçá, irreversível.

Ademais, a cultura da corrupção está impregnada na sociedade brasileira desde os primórdios. Segundo alguns historiadores, Pero Vaz de Caminha (escrivão-mor da frota) era remunerado por folha escrita, assim sendo, ele redigia suas cartas à Corte Portuguesa com letras amplas, visando receber mais. Se não bastasse, na missiva que noticiava o descobrimento do Brasil, tratou de pedir a Dom Manuel I, Rei de Portugal, um cargo para um parente seu na nova terra. Nosso país nasceu, portanto, imerso na corrupção.

E, atualmente, ainda perdura a denominada Lei de Gérson, qual seja, a de levar vantagem sempre. Afinal, expressiva parcela da população saqueia cargas de veículos acidentados; não devolve o troco recebido a mais; estaciona em vagas destinadas a idosos e portadores de deficiências; suborna para livrar-se de uma punição; trafega pelo acostamento para evitar o congestionamento; utiliza atestado médico falso para faltar ao serviço; compra produtos piratas; se apropria de pequenos objetos da empresa ou órgão público onde trabalha. São só alguns exemplos, pois o rol poderia ser bem maior.

Vivemos uma crise moral como nação há tempos. O problema não se restringe, como muito se apregoa, exclusivamente aos políticos. Ele é, evidentemente, cultural e social. Não percebe quem não quer.

O melhor conceito de hipocrisia é “fingir uma virtude que não possua”. Destarte, se queremos honestidade, sejamos honestos. Chega de enaltecer o nefasto “jeitinho brasileiro”, essência da corrupção, mas que é tolerado e incentivado como se fosse uma astúcia benévola. Mahatma Gandhi em sua imensurável sabedoria alertava: “Seja a mudança que você deseja para o mundo”.