Não
tecerei maiores comentários sobre o controverso Programa Mais Médicos, o qual, em
minha modesta opinião, não enfrenta os reais problemas do sistema público de
saúde brasileiro, que são estruturais em razão dos pífios investimentos
realizados no setor.
O
intuito do presente artigo é, partindo das premissas do Programa Mais Médicos,
sugerir outro semelhante, que batizarei como "Mais Políticos". Sim, isso mesmo!
Mas, antes de me ofender, deixe-me explicar! A princípio muitos leitores
bradarão: "Mais políticos? Já não temos bastante?". Sim, até demais! O cerne do
assunto é que precisamos de políticos estrangeiros. Vejamos.
Necessitamos
importar um Primeiro-Ministro idêntico ao da Suécia, que opta por investir em serviços
públicos de qualidade e se recusa a sediar Olimpíadas (as fluminenses atingiram
o patamar de 30 bilhões de reais). Aliás, a residência oficial do Chefe de
Governo sueco possui 300 metros quadrados, sendo desprovida de empregados, de
modo que o governante e seus familiares são encarregados das tarefas
domésticas. Não, não é piada!
Ademais,
urge naturalizar os parlamentares de sobredita nação nórdica, que moram em apartamentos
de 40 metros quadrados, despojados de máquina de lavar roupas (que são
comunitárias e necessitam de agendamento para serem utilizadas), sem luxos e/ou
mordomias (quase igual ao que ocorre do lado oposto do Oceano Atlântico, ao
sudeste do continente). E referida situação é tratada por lá como regalia, haja
vista que antes da década de 90 os deputados dormiam em sofás-cama em seus
gabinetes. Não há, ainda, assessores, secretários e aspones, muito menos
veículos com motoristas (ô, dó!).
Em
minha inocência, acreditava que a forma de governo da Suécia era a Monarquia,
todavia, me enganei. Reinado é o que temos no Brasil e com uma agravante: são
inúmeras majestades com obscenos privilégios.
Vou
adivinhar o pensamento de alguns eleitores: "Ah, a Suécia é outro mundo, outra
mentalidade, não há como comparar". Eis a réplica: José Mujica, Presidente do
Uruguai (sim, aqui do lado), vive com aproximadamente 2,5 mil reais por mês e
tem como carro oficial um Corsa. Se não bastasse, seu patrimônio particular se
restringe a uma pequena propriedade rural e um Fusca. E agora, José (você, não
o Mujica)?
Ao
importar políticos forasteiros como os alhures mencionados, certamente teríamos
uma revolução da Administração Pública no Brasil. Afinal, as esperanças dos
cidadãos tupiniquins em relação aos nossos políticos acabaram há muitos anos!