domingo, 30 de março de 2014

Boicote a Copa do Mundo! (Bruno Momesso Bertolo)


Pesquisa divulgada recentemente pelo Datafolha apontou que o índice de aprovação à realização da Copa do Mundo no país atingiu os 52%, o menor já registrado desde o início (novembro de 2008) de referida análise. No mesmo período, o patamar da rejeição ao evento subiu de 10% para 38%.

Em outras palavras: o brasileiro começou a notar que a "Copa das Copas" é um grande engodo, cujo maior (senão único) legado será uma imensurável conta a ser paga pelos contribuintes por meio da elevada carga tributária.

Entretanto, nada adianta a rejeição, por si só. É imperiosa uma atitude de quilate: boicotar a Copa do Mundo.

Afinal, se você adquirir ingressos ou assistir aos jogos pela televisão, estará dizendo que o governo federal agiu corretamente ao sediar a Copa do Mundo, preterindo investimentos em setores básicos para prestigiar tal evento. Compactuar com a Copa do Mundo no Brasil é, ainda que por via transversa, ter as mãos sujas de sangue. É ser cúmplice da corrupção.

Eu não vou ligar a televisão como forma de protesto. É pouco, mas também é muito. Não me entenda mal: eu adoro eventos esportivos mundiais, tais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos (de verão e de inverno). Todavia, gosto de vê-los nos países que podem se dar ao luxo de sediá-los. Não é o caso do Brasil, evidentemente.

Neste ponto, alguns leitores estarão pensando: "Esse cara é radical demais!". É muito fácil ponderar assim no conforto do lar. Quero que se imagine em uma situação emergencial, dependendo do serviço de segurança pública ou de um hospital público (local onde será encaminhado pelo SAMU, ainda que tenha plano de saúde), no qual sua vida ou a de um familiar esteja em risco. Imagine se os R$ 35 bilhões empregados na Copa do Mundo tivessem outro destino, como a saúde ou segurança pública. Imagine se isso representaria a diferença entre a vida ou a morte de seu ente querido.

Creio que, em supramencionada situação, não me rotularia como extremista. Se ainda assim o fizer, então sugiro que, ao perceber a precariedade dos serviços públicos, não reclame. Em seguida, estufe o peito e cante com ardor: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor"...

O Brasil necessita abandonar a pecha de país do futebol e da corrupção. Já passou da hora. Sejamos o país da educação universal, da saúde eficaz, da segurança pública presente, do emprego estável etc. Para todos os cidadãos.