domingo, 9 de setembro de 2018

Novo lema nacional: ódio e retrocesso (Bruno Momesso Bertolo)


Correrei o risco de pregar no deserto, afinal, não são poucos aqueles que param de ler um texto ao se deparar com um raciocínio diverso do seu.

Quando a vereadora Marielle Franco foi assassinada, pessoas e setores de direita comemoraram ou minimizaram o fato. Agora, quando o candidato presidenciável Jair Bolsonaro sofreu atentado (não falecendo em razão do pronto atendimento e da proximidade do hospital), indivíduos e ramos de esquerda exultaram ou relativizaram o ocorrido.

O fanatismo é tamanho que, em ambos os casos, alguns (ou seriam muitos?) chegaram ao absurdo de responsabilizar a vítima. Há argumentos que deixariam Talião e Hamurabi com inveja! José Simão, mais conhecido por suas chacotas, foi cirúrgico ao comentar o radicalismo político vivenciado no país: "No Brasil teremos a venda de uma nova estampa de camisa. Nela estará escrito "I love ODIAR"".

Neste ponto, é importante trazer a lume um evento de 1994, o qual demonstra o oposto de nossa conjuntura. Ao aportar no Palácio do Governo da África do Sul para o primeiro dia de trabalho, Nelson Mandela e seus asseclas se depararam com diversos funcionários recolhendo seus pertences e deixando o local. O recém-eleito Presidente sul-africano indagou-lhes a razão daquela atitude. Um dos servidores respondeu: "Somos da oposição e todos somos brancos, então sabemos que seremos demitidos!". Madiba então retrucou: "De forma alguma! Quem quiser continuar a ajudar no nosso governo será muito bem-vindo!".

Um dos amigos mais próximos de Mandela ficou indignado e contestou o convite realizado: "Não podemos aceitar brancos e oposição em nosso governo, lembre-se de todas as injustiças que nos fizeram". Mandela encerrou: "Isso faz parte do passado agora. Não se constrói uma nação fundada no ódio. Somente com a união de todos, brancos e negros, oposição e situação, é que podemos elevar nosso país". E assim foi feito, apesar de todo o ranço histórico decorrente do nefasto sistema de apartheid!

Resumindo, se ainda não entendeu: o ódio não é instrumento de construção ou evolução. E tem mais: é causa de muitas doenças psicossomáticas, sobretudo o câncer.

Apontar o dedo para o outro é muito fácil! E não nos levará a lugar algum! Quando muito será para o retrocesso. Essa eterna discussão mais se assemelha a duas crianças pirracentas. Que tal utilizar essa energia para algo realmente útil e edificante?