domingo, 16 de fevereiro de 2014

Brasil abaixo de zero (Bruno Momesso Bertolo)


Há algumas semanas, Dilma Rousseff, nossa governanta federal afirmou: "É uma visão pequena do Brasil, muito pequena do Brasil não perceber a importância que a Copa do Mundo tem para o povo brasileiro e para o país. A Copa é um dos eventos culturais mais importantes do nosso país, mobiliza todas as classes e está nos nossos corações" (sic).

Dias antes, a cidade de Estocolmo abdicou da candidatura para sede das Olimpíadas de Inverno de 2022. Sten Nordin, Prefeito de referido município asseverou: "Não posso recomendar à Assembleia Municipal que dê prioridade à realização de um evento olímpico. Temos outras necessidades, como a construção de mais moradias". O Primeiro-Ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, também apoiou a renúncia de tal pretensão, cujos gastos seriam de aproximadamente 4 bilhões de reais.

Que concepção nanica dos suecos, não? Investir em habitação, desenvolvimento e previdência social para quê?

Seria cômica se não fosse trágica supramencionada inversão de papéis. A Suécia, um dos países menos corruptos e mais democráticos do mundo, adotando uma postura zelosa e proba com o erário. Enquanto isso, em terras tupiniquins, uma nação extremamente corrupta, serão despendidos mais de 35 bilhões de reais para realizar uma Copa do Mundo (valor superior à soma das 3 últimas edições do Mundial de Futebol, pasme!!!).

Excelentíssima Presidente da República (que parece se preocupar tão-somente com a Copa das Copas), diante de sua excepcional e ampla percepção administrativa, sugiro que o Brasil se habilite a sediar as Olimpíadas de Inverno de 2022. Será uma excelente oportunidade para demonstrar ao mundo que também somos capazes de efetivar aludidos jogos. Poderia se tornar até filme hollywoodiano: "Brasil abaixo de zero". Já pensou? Essas preferências de investir dinheiro público em educação, saúde, segurança, habitação e outros serviços básicos é coisa de país sem visão, como a Suécia.

E não vamos poupar nos gastos, afinal, a infraestrutura criada em torno do evento será utilizada posteriormente, representando verdadeiro legado aos brasileiros. As máquinas empregadas (imaginou cada licitação interessante?) para fabricar/conservar a neve e o gelo seriam de grande valia, por exemplo, aos pinguins do Pantanal ou da Amazônia. Um inegável investimento em prol do meio ambiente! Só um alienado não concordaria...

Por evidente, sobredita recomendação e seus argumentos são meros escárnios. Mas não duvide que alguém já tenha cogitado algo parecido. Estamos no Brasil, um país onde nada parece ser impossível. Nem piorar.