domingo, 26 de agosto de 2012

Trânsito assassino ou assassinos no trânsito? (Bruno Momesso Bertolo)



Todos os dias lemos nos jornais notícias de acidentes graves ou fatais no trânsito. Anualmente, mais de 40 mil pessoas falecem e outras 100 mil ficam inválidas no trânsito brasileiro, razão pela qual ocupamos, conforme informações da Organização Mundial da Saúde, o 5º lugar no mundo nesse quesito.

Apesar dos supramencionados e alarmantes dados, nenhuma providência concreta é efetivada pelo Poder Público. Alguns simplificam o problema, atribuindo referida carnificina a um ente despersonalizado, carinhosamente denominado como trânsito assassino. Neste ponto é necessário indagar: o trânsito é assassino ou os assassinos estão no trânsito?

Afinal, quem comete homicídio na condução de veículo automotor estando embriagado, em altas velocidades e/ou distraído (celular, CD-player, etc.), não deve se enganar: é tão assassino quanto quem puxa um gatilho. Tais comportamentos ao volante muito se assemelham ao dolo eventual, isto é, a pessoa assume o risco de produzir o resultado. Há uma controvérsia na doutrina e na jurisprudência nesse sentido, prevalecendo, infelizmente, a tese de homicídio culposo, algo que fomenta o sentimento de impunidade, pois eventuais condenações são, em regra, penas pecuniárias e serviços comunitários.

Aliás, muitos motoristas ainda não perceberam que os veículos, quando utilizados sem responsabilidade, são verdadeiras armas, já que matam e mutilam. A essência de quem mata, seja no trânsito, seja com armas, é idêntica. Uma vida é ceifada, de modo que as circunstâncias possuem somenos importância diante da trágica consequência.

Não se trata de fatalidades. É, sem dúvidas, irresponsabilidade. Quando o resultado ocorre em razão de negligência ou imprudência, tem-se um fator humano envolvido e, portanto, associado a uma conduta. Fugir da responsabilidade atribuindo as causas ao imponderável não mudará o ato perpetrado, tampouco mitigará o sentimento de culpa, que, algum dia, estará presente, ainda que inconscientemente.

Dirigir um veículo enseja grande responsabilidade. Lembre-se: você pode matar uma pessoa. Imagine a culpa eterna que você sentiria e a dor ocasionada aos outros. Se isso não for suficiente, tenha em mente que você pode ser alvo de um processo criminal, ficar inválido ou com sequelas irreversíveis. Se isso ainda não for o bastante, não olvide que você pode falecer e causar um sofrimento imensurável a seus pais, familiares e amigos.

Siga as regras básicas. Dirija por você e pelos outros, praticando a direção defensiva. Anteveja o movimento do motorista ao lado, do pedestre e se previna. Não pague para ver o que acontecerá. Seja cordial com todos os transeuntes e condutores. Na dúvida, dê a preferência ou pare. Fazendo nossa parte dificilmente seremos mais uma vítima do trânsito assassino.

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