domingo, 25 de dezembro de 2011

O paradoxo do nosso tempo (George Carlin)

O paradoxo do nosso tempo é que temos edifícios mais altos e temperamentos mais reduzidos; estradas mais largas e pontos de vista mais estreitos. Gastamos, mas temos menos; compramos mais, mas desfrutamos menos.

Temos casas maiores e famílias menores; mais conforto e menos tempo. Temos mais graduações acadêmicas, mas menos sentimentos comuns. Temos maior conhecimento, mas menor capacidade de julgamento; mais peritos, mas mais problemas; melhor medicina, mas menor bem-estar.

Bebemos demasiado, fumamos demasiado, desperdiçamos demasiado, rimos muito pouco; movemo-nos muito rápidos, nos irritamos demasiado. Mantemo-nos muito tempo acordados, amanhecemos cansados. Lemos muito pouco, assistimos televisão demais e oramos raramente.

Falamos demasiado, amamos demasiado pouco e odiamos muito frequentemente. Aprendemos a ganhar a vida, mas não a vivê-la. Adicionamos anos às nossas vidas, não vida aos nossos anos. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Conseguimos ir à Lua e voltar, mas temos dificuldade em cruzar a rua para conhecer um novo vizinho. Conquistamos o espaço exterior, mas não o nosso interior.

Temos feito grandes coisas, mas nem por isso melhores.

Limpamos o ar, mas contaminamos a nossa alma; dominamos o átomo, mas não os nossos preconceitos. Escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a apressar-nos, mas não a esperar. Produzimos computadores que podem processar mais informação e difundi-la, mas nos comunicamos cada vez menos e menos.

Estamos na era do fast-food e da digestão lenta; de homens de grande estatura e de pequeno caráter; dos lucros econômicos acentuados e das relações humanas superficiais.

Hoje em dia, há dois ordenados, mas mais divórcios; casas mais chiques e lares despedaçados. São tempos de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moral descartável, encontros de uma noite e pílulas que fazem tudo, desde alegrar e acalmar, até matar.

Um momento em que há muito na vitrine e muito pouco na dispensa. Tempos em que a tecnologia lhe encaminha esta carta, permitindo partilhar tais reflexões ou simplesmente excluí-las.

Lembre-se de passar algum tempo com as pessoas que estima, pois elas não estarão por aqui para sempre. Lembre-se de ser amável com quem agora lhe admira, porque essa pessoa crescerá muito rapidamente e se afastará de você.

Lembre-se de abraçar quem está perto de você, porque esse é o único tesouro que pode dar com o coração, sem que custe nem um centavo. Lembre-se de dizer “te amo” ao seu companheiro e aos seus entes queridos, mas, sobretudo, diga com sinceridade.

Um beijo e um abraço podem curar uma ferida, quando se dão com toda a alma. Dedique tempo para amar e para conversar, bem como partilhe suas idéias mais apreciadas.

E nunca esqueça: a vida não se mede pelo número de vezes que respiramos, mas pelos extraordinários momentos que passamos juntos.

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