Somos um povo alienado, submisso e conivente. Alguns preferem denominarmos como alegres, pacíficos e despojados, talvez uma forma de minimizar ou ocultar um grave problema que, infelizmente, parece se agravar: a alienação coletiva brasileira.
A meu ver, quatro fatores colaboram – e muito – para o estado letárgico do brasileiro: futebol, televisão, religião e carnaval.
Beira o ridículo o fanatismo – quase uma enfermidade – que acomete inúmeras pessoas com relação ao futebol, seja para um time, seja para a seleção. Choram, protestam, discutem diariamente, enfim, transformam um mero entretenimento em algo sagrado, que, às vezes, gera até violência e mortes. Para alguns, o futebol é a razão de viver.
Situação semelhante verifica-se no que tange aos programas televisivos, sobretudo novelas e reality shows, onde discussões acaloradas, milhões votos tarifados por telefones e leitura de revistas fúteis, hipnotizam os telespectadores, os quais poderiam, por exemplo, dedicar-se à leitura de um livro ou jornal.
Da mesma forma, algumas crenças pregam aos seus fiéis a despolitização e alienação, principalmente quando disseminam a ideia de que a conjuntura política, social e econômica de um indivíduo trata-se de uma vontade divina que devemos humildemente aceitar, como se fôssemos meros marionetes.
Por sua vez, o Carnaval chega a ser surreal, já que são dias de infindável festa, enquanto o país chafurda em corrupção, produzindo diversas mazelas sociais, tais como a violência, a desigualdade social, a carência de setores como educação, saúde e segurança pública, etc..
Sem dúvidas, a democracia brasileira possui tenra idade e ainda se aperfeiçoa, sobretudo se comparada com outras nações mais antigas e estáveis. Entretanto, transcorridos mais de duas décadas desde a promulgação da Constituição Federal de 1.988, o brasileiro já deveria ter ciência que todo poder emana da população, bem como que a democracia é o poder do povo, pelo povo e para o povo.
Lamentavelmente, a maioria da sociedade tupiniquim acredita que exercer seus direitos políticos limita-se a apertar botões somente e a cada dois anos. Uma lei como a denominada Ficha Limpa só poderia existir em um país como o Brasil, pois bastaria que os eleitores, se fossem atentos e politizados, não votassem nos candidatos que possuem histórico de improbidade administrativa e/ou crimes.
Diante do exposto, tenho que concluir com um célebre adágio: “Cada povo possui o governo que merece!”.
3 comentários:
Olá Bruno,
Gostaria de parabenizá-lo. Sempre tive uma visão muito crítica (ao menos meus professores de redação me diziam isto), e após ler alguns textos de seu blog, "criei coragem" para fazer um também! Seus textos são excelentes, apesar de não concordar 100% com o texto sobre homossexualidade escrito em abril (mas este comentário ficará para o texto em questão).
Enfim, tenho que confessar, gostaria muito de fazer parte dos que estão ausentes a este grupo de "alienados" que citou. Não estou, mas concordo com sua opinião.
Sou de Curitiba, fanática pelo Paraná Clube (lamentável situação rs), mas não me enquadro nos tipos que citou. Aliás, tenho a mesma opinião formada quanto a essas pessoas. Ignorantes os que transformam esse entretenimento em violência. Muitas vezes um cenário de lazer se transforma em cenário de guerra. Acho desnecessário...
Assisto a todos os jogos do meu time no estádio, canto, grito, pulo, xingo... nunca arrumei confusão alguma por causa disso. E se eu tivesse arrumado? Certamente meu time não estaria numa situação melhor do que a em que se encontra. Mas, deixe para lá... rs
Sigo a religião espírita. Fui batizada na Igreja católica, mas como discordo de muita coisa (inclusive dessa alienação), agora que já decido por mim, achei algo melhor. Fanatismo faz mal! Seja lá no que for... Tudo que é demais,faz mal..
Agora, sinceramente, acha que as pessoas fanáticas por novelas, reality shows e carnaval (sobretudo aquelas que deixam de fazer outras coisas para assitir a estes programas, ou esperam o ano inteiro pelos 4 dias de folia),consultaram o tal do "ficha limpa" (que sim, envergonha a democracia) antes de apertar os botões lá? Melhor... acha que se lembram em quem votaram? Ou ainda, indo mais além, será que sabem algo à respeito da Constituição Federal? Hunn, difícil responder... Mas pergunta o nome do último vilão da novela, ou aquele ganhador da última casa vigiada... Aposto que a resposta está na ponta da língua, esperando apenas ser perguntada.
No segundo grau, num seminário de história, perguntei há um brasileiro que visão ele tinha do Canadá, a resposta foi:
"Canadá é uma grande potência mundial" (...?)
Tive a oportunidade de perguntar (algum tempo depois) para um canadense, que visão ele tinha do Brasil, a resposta foi:
"Ah sim, Brasil. Bom, vim para cá por causa do samba, do funk, das mulheres e claro... carnaval!" (Quase chorei quando terminei de ouvir a resposta)
Culturalmente, enriquecedora a nossa imagem lá fora, não?
Ok, dentre outros, no Canadá e Austrália, os Portugueses foram pioneiros no mesmo século em que no Brasil. Por que então somos (tão) atrasados? O que há de errado?
(O que seriam de nós, amantes da história, se não houvesse perguntas...)
Apesar de tudo isso, e deste governo que (infelizmente) merecemos, tenho orgulho de ser brasileira e, estufo o peito pra cantar o nosso Hino (não apenas em jogos de futebol rs).
Era para ser só um comentário, mas... rs
Até a próxima!
Olá, Priscila!
Obrigado pela visita, pelas palavras e pelo excelente comentário! Aliás, como chegou ao meu blog?
Aguardo sua opinião no artigo sobre homossexualismo. Já temos um debate por lá, algo que sempre respeito e almejo.
O fato de ser fanática por futebol ou pelo Paraná Clube, por si só, não a torna alienada, como você bem citou.
Também acompanho futebol, torço pelo São Paulo, mas isso possui pouca relevância em minha vida. Portanto, não fico infeliz com uma derrota ou eliminação, tampouco me sinto a pessoa mais feliz do mundo com uma vitória ou título. É essa postura alienante que condeno...
Do mesmo modo, cada um assiste ao que bem entender. Eu, por exemplo, não perco a Fórmula 1 por nada (claro, dependendo do caso, deixo gravando). Porém, não leio e discuto apenas sobre isso. É uma diversão salutar, não alienante. Porém, vemos tal alienação com frequência, já que muitas pessoas debatem somente sobre futebol, novelas e outros assuntos triviais.
Sou espírita também, todavia, não encaro como religião, pois o espiritismo possui uma base empírica, se aproximando da ciência.
Também fui batizado na Igreja Católica e renunciei a tal doutrina por diversos motivos, cabendo mencionar a alienação, o preconceito (contra mulheres e homossexuais), a incoerência entre o que se prega e o que se faz, o acobertamento da pedofilia (tratada como pecado, não crime), etc.
Creio que são vários os fatores que explicam as diferenças entre o desenvolvimento da Austrália, Canadá e outros países também colonizados em relação ao Brasil. Destacaria, principalmente, a cultura empregada pelos portugueses, visando unicamente a exploração. Referido pensamento está arraigado até hoje na população, vale dizer, o denominado e nefasto “jeitinho brasileiro” (querer vantagem sempre, não importa como).
Apesar de tudo, tenho muito orgulho de ser brasileiro, tanto que me emociono ao cantar o Hino Nacional. Entretanto, meu sentimento de vergonha é muito profundo em razão de sermos alienados, miseráveis, corruptos, etc.
Ah, ao contrário do Palmeiras (6x0, hehehe), sou apaixonado por Curitiba, cidade em que estive em duas oportunidades: em 1995, a passeio com meus pais e irmão; e em 2008, com meu amigo Maurício (passamos em frente ao Durival Britto), onde prestamos concurso no TRE-PR...
Bom, era isso! Vamos debatendo...
Saudações!
Parabéns pelo texto, Bertz.
Estou esperando um sobre Especismo, agora.
Abraço
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