domingo, 3 de abril de 2011

Algumas considerações sobre o homossexualismo (Bruno Momesso Bertolo)

Recentemente, um parlamentar (leia-se pra lamentar), cujo nome sequer merece ser citado, envolveu-se em uma polêmica sobre homofobia. A repercussão foi imediata e de elevada proporção. Protestos, apoios, debates, enfim, uma gama de atos se sucedeu. Todavia e infelizmente, o cerne limitou-se à eventual punição de referido político, preterindo questões fundamentais. Diante deste quadro, tecerei algumas considerações sobre o homossexualismo.

Por que a homossexualidade incomoda algumas pessoas? Em qual direito, moral ou legal, um indivíduo supõe estar legitimado para imiscuir-se na vida alheia, especialmente no que tange à sexualidade? Por que se preocupar com a denominada opção sexual de outrem?

Na verdade, o termo correto, utilizado principalmente nos países de idioma espanhol, é orientação sexual. De fato, ninguém opta ser homossexual, assim como ninguém escolhe ser heterossexual. Simplesmente é, nasce-se assim, por razões desconhecidas e pouco relevantes. O intuito não é equiparar, mas a título de ilustração, basta lembrar que também há famílias compostas por membros do mesmo sexo entre os animais. Talvez seja algo genético, hormonal e/ou espiritual. Não é, sem dúvidas, uma enfermidade a ser tratada.

Não há nada de errado em ser homossexual. Tampouco representa falha ou ausência de caráter, portanto, não é motivo para vergonha, temor e/ou aversão.

É profundamente entristecedor constatarmos pais – sobretudo o genitor – que renegam seus filhos, sob o argumento de que maculam a honra da família tão somente por serem homossexuais. Preferem abdicar de uma condição deveras especial, isto é, a paternidade ou a maternidade, deixando de acolher e apoiar sua descendência, unicamente para posar perante a sociedade como alguém que não compactua com a homossexualidade. O amor, se é que um dia existiu, é substituído pela inclemência.

Neste ponto, cumpre mencionar que os índices de suicídios entre homossexuais têm aumentando vertiginosamente em muitos países, bem como as agressões e os assassinatos de aludidas pessoas, vitimadas por serem diferentes da maioria. Qual a razão de tanta intolerância, fomentada e/ou aceita – ainda que silenciosamente – por muitos?

A sociedade brasileira deve rever seus conceitos e evoluir, como já ocorreu em outras searas. Desse modo, poderemos finalmente conviver em uma nação heterogênea e autêntica, onde todos possam ser realmente o que são. Sem preconceitos, sem violência, sem rótulos, sem julgamentos e sem receios. Apenas seres humanos.

12 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia!
Caro autor, creio eu que o senhor está redondamente enganado.
Com todo respeito.
A pessoa não nasce homosexual.
Ela pode nascer com um disturbio hormonal.
E escolher ou não se ela quer alimentar esse disturbio ou não.
Ela tem um direito de escolha, uma opção sexual.
Uma criança não pode saber se é homosexual desde sua tenra idade.
=)
Aelita's

Bruno Momesso Bertolo disse...

Olá, Aelita's!

Acompanha o blog assiduamente (pois postei o artigo ontem)? Como o encontrou?

Achei contraditória sua tese. Se a pessoa nasce com distúrbio hormonal, no mínimo, ela tenderá a ter atração por membros do mesmo gênero. Então nasce só meio homossexual?

Você escolheu ser hetero (se assim for)? Por que seria diferente com os homossexuais?

Não são raros os casos de homossexuais que dizem sentir atração por pessoas do mesmo sexo desde tenra idade. É claro que a concepção na infância é diferente da fase adulta, mas não deixa de ser um aspecto norteador.

De toda forma, como mencionei no texto, pouco importa a origem. O que é fundamental é o respeito ao ser humano, independentemente de sua orientação (ou se preferir, opção) sexual...

Saudações!

Valderez Quintal disse...

Bruno, adorei suas colocações! Devemos mesmo olhar uns aos outros apenas como seres humanos e assim todos os preconceitos estariam off!
Beijaum

Fabiana disse...

Oi Bruno!

Em minhas andanças virtuais, encontrei o texto Alma Gêmea (psicografado por Chico Xavier) e, consequentemente, você.
Gostei muito do texto sobre o homossexualismo e, inspirada pelas suas palavras, fui mais além e deparei com um capítulo do livro "Sexo: Sublime Tesouro" do médium Eurípedes Kühl. Quero compartilhá-lo com você (espero que goste). Segue o link: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/sexualidade/a-homosexualidade.html

Abraços fraternos,
Fabiana Della Fera

Marcello Torres disse...

Caro Bruno,

Primeiramente, elogio seu texto. É de muita grandeza cultural e social. Porém, discordo de alguns pontos.

Creio que a orientação sexual se trata sim de uma opção. Ao menos na maioria dos casos. E isto, na minha opinião, faz com que não possamos generalizar como “fato”, a falta de poder na escolha da sexualidade.

O que dizer por exemplo, dessas crianças movidas pela moda atual (sim, porque homossexualidade também virou moda), que não tem opinião alguma formada sobre a vida, porém “experimentam” e se tornam homossexuais ou, bissexuais. Alguém que nasce, cresce e demonstra até seus 12, 13 anos interesse no sexo oposto e após isso desperta um interesse (por simples curiosidade talvez) no mesmo sexo, é alguém que podemos enquadrar no fato de 'não ter escolha'.

Conforme você falou, as razões são desconhecidas sim, concordo. Mas talvez, essas razões, genéticas, nem existam. Tanta gente nasce e troca de opção sexual depois. Uma coisa que existe provas é que, a genética não se altera com o passar do tempo, os genes são sempre os mesmo, o que dizer destas pessoas, então?

Opção sexual simplesmente é... uma opção. Cada um escolhe o que bem entender e, experimenta na hora em que achar conveniente.

Adicionalemente, concordo plenamente... “Não há nada de errado em ser homossexual. Tampouco representa falha ou ausência de caráter, portanto, não é motivo para vergonha, temor e/ou aversão.”

Abraço.

Fabiana disse...

"E que o diálogo e a troca mútua de ideias nunca cesse..."

Bruno Momesso Bertolo disse...

Olá, Marcello!

Obrigado pela visita, palavras e opinião!

Não creio que na maioria dos casos as pessoas se tornem homossexuais após experiências. A meu ver, muitas pessoas são levadas a serem o que não são, sobretudo em razão das convenções sociais, evitando-se, assim, preconceitos, rótulos e/ou problemas familiares.

Portanto, muitos adotam um perfil hetero, quando na verdade já possuem interesse no mesmo sexo, mas só adotam seu verdadeiro desejo após perceberem que são infelizes sendo o que não são...

Assim sendo, não vejo como moda o homossexualismo, principalmente porque a pessoa só enfrenta problemas e obstáculos como consequências.

Talvez o bissexualismo possa se enquadrar como modismo, em especial às mulheres, cujo "homossexualismo" é mais facilmente aceito pela sociedade (é até um fetiche corriqueiro entre homens).

E vamos debatendo...

Abraço!

Marcello Torres disse...

Olá Bruno,

Disponha!

Basta analisarmos os eventos de "Parada Gay", presentes em todo o mundo hoje para percebermos que a grande maioria dos homossexuais não têm "medo" de preconceitos, rótulos e/ou problemas familiares, tão pouco evita esse tipo de situação.

Hoje em dia o mundo está cada vez mais liberal, acredito que esse interesse apareça com o tempo, e é um tanto quanto induzido pela sociedade.

Acredito que pessoas que nascem homossexuais, carregam esse "karma" na alma, e não nos genes. Como não podemos imprimir um raio-x da alma, e no DNA nada consta, resta aceitar todas as opiniões/teorias, mas sem impor idéias. Cada um tem seus motivos para acreditar no que acredita e, graças a Deus, o pensamento de ninguém é iguais. O que vale é o que isso acrescenta na vida de cada um.

Abraço!

Bruno Momesso Bertolo disse...

Oi, Marcello!

Também acredito que o homossexualismo se trata de um karma, assim como diversas situações – físicas ou psicológicas – que afligem todos os seres humanos.

De fato, tivemos diversos avanços no pensamento da sociedade – mundial e brasileira – , mas infelizmente o brasileiro não é tão liberal assim. Li um livro chamado "A cabeça do brasileiro" e fiquei estarrecido com o que vi. O povo tupiniquim ainda é muito conivente com a corrupção e, se não bastasse, muito retrógrado no que tange à sexualidade (como um todo, não apenas em relação ao homossexualismo).

Não creio que a Parada Gay seja um bom exemplo, pois é um evento esporádico. Uma coisa é comparecer a um encontro desse, outra é ostentar diariamente sua homossexualidade.

Alguém pode ir à Parada Gay sem que seus familiares, amigos e colegas de trabalho saibam, o que é, por evidente, bem diferente do que ser uma pessoa assumidamente gay...

Fazendo uma analogia, é bem parecido com o Carnaval, onde vários homens se vestem de mulher com a maior naturalidade e sem receios, pois a ocasião permite...

Enfim, alguns progressos estão ocorrendo, porém ainda falta muito para um mundo realmente humanista. Façamos a nossa parte. Já é um bom começo...

Saudações!

Bruno Momesso Bertolo disse...

Ontem, dia 05/05/2011, foi um dia histórico e de júbilo para os humanistas. O Supremo Tribunal Federal reconheceu, por unanimidade, a união estável de homossexuais. Trata-se de uma decisão sensata, constitucional e, sobretudo, humana. Seus desdobramentos são diversos, mas destacam-se a possibilidade de indicar um parceiro como dependente, pensionista ou herdeiro, bem como facilitação para a adoção (tal assunto, a adoção por homossexuais, será objeto de um artigo em breve).

Por fim, transcrevo citações de tal julgamento, extraídas dos sítios eletrônicos do UOL (http://noticias.uol.com.br/album/110504STF_album.jhtm#fotoNav=1) e do Terra (http://noticias.terra.com.br/brasil/fotos/0,,OI153812-EI306,00-Veja+como+votou+cada+ministro+sobre+uniao+estavel+gay.html)

Bruno Momesso Bertolo disse...

Roberto Gurgel, Procurador-Geral da República:
“O reconhecimento jurídico das uniões homossexuais não enfraquece a família, mas antes a fortalece”.
“Privar os membros de uniões homossexuais afetivas atenta contra sua dignidade, expondo-os a situações de risco social injustificável”.
“Ao não reconhecer as uniões homoafetivas, o Estado compromete a capacidade do homossexual de viver a plenitude de sua orientação sexual”.

Carlos Aytes Britto, Ministro-Relator:
“Não se trata de uma mera sociedade de fato por interesse mercantil. É voluntário navegar por um rio sem margens fixas”.
“O sexo das pessoas não se presta como fator de desigualação jurídica”.
“A Constituição brasileira opera por um intencional silêncio (em assuntos sexuais), mas não é lacuna. Esse já é um modo de atuar”.

Ministra Cármen Lúcia:
“A escolha por uma união homoafetiva é individual e íntima”.
“Para ser digno, há que ser livre. E a dignidade perpassa a vida da pessoa em todos os aspectos. O que é indigno leva ao sofrimento socialmente imposto”.

Ministro Luiz Fux:
“O homossexualismo é um traço da personalidade, não é uma ideologia nem é uma opção de vida”.
“A homossexualidade caracteriza a humanidade de uma pessoa. Não é crime. Então por que o homossexual não pode constituir uma família? Por força de duas questões que são abominadas por nossa Constituição: a intolerância e o preconceito”.
“Daremos a esse segmento de nobres brasileiros mais do que um projeto de vida. Um projeto de felicidade”.

Ministro Joaquim Barbosa:
“O reconhecimento de uniões homoafetivas encontra seu fundamento em todos os dispositivos constitucionais que tratam da dignidade humana”.

Ministro Ricardo Lewandowski:
“Embora essa relação não se caracterize como união estável, penso que estamos diante de uma nova forma familiar, não prevista”.
“Dela (a união estável homoafetiva) resultam direitos e obrigações que não podem se colocar à margem do Estado, ainda que não haja definição específica sobre essa relação”.

Ministro Gilmar Mendes:
“A ideia de opção sexual está contemplada no exercício de liberdade. A falta de um modelo institucional que abrigue essa opção acaba militando e contribuindo para as restrições, para a discriminação”.
“Se não encontrarem o modelo institucional adequado acabarão sofrendo as mais diversas formas de discriminação. O próprio Estado, nesse contexto, tem um dever de proteção, correspectivo a esses direitos elencados”.
“O fato de a Constituição proteger a união estável entre homem e mulher não significa negar proteção à união do mesmo sexo”.

Ministra Ellen Gracie:
“Uma sociedade decente é uma sociedade que não humilha seus integrantes”.

Ministro Marco Aurélio de Mello:
“O Brasil está vencendo a guerra desumana contra o preconceito, o que significa promover o desenvolvimento do Estado de Direito, sem dúvida alguma”.
“Se duas pessoas de igual sexo se unem para a vida afetiva comum, o ato não pode ser lançado a categoria jurídica própria. Impõe-se a proteção jurídica integral, qual seja, o reconhecimento de regime familiar”.
“O livre arbítrio também é um valor moral relevante”.

Celso de Mello:
“Ninguém, absolutamente ninguém pode ser privado de seus direitos nem sofrer quaisquer restrições de ordem jurídica por motivo de sua orientação sexual".

Cezar Peluso:
"Seria imperdoável que eu tentasse acrescentar alguma coisa, sobretudo em relação a essa postura consensual da Corte em relação à condenação de todas as formas de discriminação e contrárias não apenas ao nosso direito constitucional, mas à raça humana".

Priscila Souza disse...

Olá Bruno,

Por acaso, estava procurando textos sobre a cultura (alienação) brasileira. Me deparei com o seu e, um me levou ao outro (rs).
Prometi que comentaria, então aqui estou.

Interessante os pontos de vista. Um debate entre vocês, renderia uma bela audiência. (Ou não dependendo... debates de nível cultura alto não são "tão" bem vindos. Vide texto 'A alienação coletiva brasileira'), em todo caso, eu assistiria.

Acho que a minha opinião encontra-se no equilíbrio da de vocês dois (Bruno e Marcello). Acredito que o homossexualismo possa ter suas "explicação" na genética, mas como ainda não foi provado nada cientificamente, não afirmo 100% tanto quanto não defendo exclusivamente esta teoria.

Concordo com o que o Marcelo escreveu quanto a um karma espiritual. Sigo a doutrina espírita, como religião, como ideologia, como luz na escuridão. Acredito em reencarnação e, talvez a opção sexual dentre outras coisas sejam passadas vida após vida. Quem sabe o que e como fomos numa vida anterior?

Por fim, também acredito nesse momento "moda" em que vive o homossexualismo. Infelizmente, adolescentes (pior, seres da minhada idade) sentem-se atraídos pela vontade de aparecer, uns mais que os outros. Buscam isso o tempo todo. E existe toda essa influência que o Universo conspira, tanto para o bem, quanto para o que não é de tanto bem assim.

Uma das coisas que sou contra, tanto para o homossexual quanto para o hétero, é o exibicionismo. Se tem vontade de dar aquele beijo em seu parceiro(a), o faça. Mas em local e hora apropriados. Ficar nuns amassos "picantes" em filas de mercado, pontos de ônibus, etc., é na minha opinião, bastante inconveniente. O amor, da forma que for, deve ser demonstrado sim, não estou falando o contrário. Mas como vivemos num Universo compartilhado, o mínimo de respeito é bom (e previne os dentes como diz a música rs).

Bom, fico por aqui.
Como disse a Fabiana:
"E que o diálogo e a troca mútua de ideias nunca cesse..."

"E o mais importante é dissipar informações e dividir opiniões."