Desde o desmoronamento das economias planificadas do leste europeu e da União Soviética em 1991, a economia mundial enfrenta uma aceleração galopante no processo de abertura dos mercados nacionais de países periféricos, o qual objetiva possibilitar às transnacionais “fincarem sua estaca” nesses mercados, e a partir de “nações-chave” poderem “tomar de assalto” o mercado de cada sub-região que lhes interessar no planeta, alastrando a falência de pequenas empresas nacionais por todo o perímetro atingido pelo ataque e semeando o desemprego, a desestabilização social e a destruição da incipiente base econômica desses países.
Não é difícil compreender como se processa a investida: Os países desenvolvidos, por apresentarem uma capacidade tecnológica algumas dezenas de vezes superior à dos países periféricos (o que, por sua vez leva, obviamente, a uma maior produtividade e a um menor preço unitário por produto fabricado), ao conseguirem (via pressão diplomática ou outros artifícios menos nobres) a abertura indiscriminada dos mercados de países subdesenvolvidos, conseguem desencalhar o excesso de produtos que a exacerbada concorrência entre seus pares (países ricos) impede que sejam absorvidos inteiramente no hemisfério norte. Por esta entrada de produtos oriundos do Norte nos mercados periféricos se processar com uma inelutável vantagem competitiva para as transnacionais em relação às empresas nacionais que fabricam os mesmos produtos, estas são simplesmente esmagadas pelas transnacionais, se o governo local não as proteger com alguma tarifa de importação (ou outro mecanismo qualquer, os quais são bastante conhecidos dos países ricos, que os utilizam sistematicamente para impedir a entrada em seus mercados de produtos oriundos de países do Terceiro Mundo).
Não nos esqueçamos que a abertura sem critérios dos mercados desses países é imposta pelos organismos financeiros multilaterais (Banco Mundial, BID ou FMI, etc) como condição para novos empréstimos ou refinanciamento de sua dívida externa. Ou seja, o país periférico não tem alternativa soberana caso fraqueje, permanecendo submisso à banca internacional. Logo todo seu mercado interno estará completamente infestado pelas transnacionais, e a nação terá abdicado de gerir políticas de desenvolvimento nacional pela absoluta falta de possibilidade de controle macroeconômico, já que o centro decisório da maioria dos agentes econômicos se encontrará fora de suas fronteiras.
A concentração de poder nas mãos das transnacionais, oligopólios que controlam os principais mercados do mundo, impressiona pela descomunal abrangência: sabe-se, por exemplo, que apenas dez empresas controlam mais de setenta por cento da produção de computadores, outras dez controlam mais de oitenta por cento da indústria automobilística, somente sete empresas produzem mais de noventa por cento de todo o material de saúde vendido no mundo, e apenas oito empresas dominam mais de setenta por cento do setor petroquímico em todo o mundo. Outro dado aterrorizador consiste em que dos cento e noventa e quatro países pelo menos “formalmente” soberanos, cento e oitenta deles (quase noventa e três por cento, portanto) possuem um PIB inferior à movimentação financeira da General Motors, da Ford ou da Exxon.
Óbvio que de livre o mercado mundial não tem nada. Aliás, conforme assinalei anteriormente, a liberdade de mercado é imposta somente aos países periféricos, com vistas a se implementar o “mercado persa” das transnacionais em todo o hemisfério Sul, ou seja, a ingênua crença de que o comércio internacional irrestrito permitiria aos países mais pobres alcançar o mesmo progresso dos países ricos vai tanto contra a experiência histórica quanto contra o bom senso, e a geração de desigualdades tão crescentes ocasionará grandes encrencas futuras.
O mercado, essa instituição mitológica que, segundo a escola clássica da economia, “requentada” agora pelo neoliberalismo, resolveria plenamente todos os problemas econômicos da humanidade através de sua “mão invisível”, infelizmente na vida real funciona tal qual a “justiça cega” que impera em muitos países, que “abre um minúsculo furo na venda para ver quem lhe interessa beneficiar". Exatamente por conta deste incontornável apanágio, que lhe é absolutamente congênito e indissociável, sociedade alguma pode sobreviver completamente desprotegida deste injusto e egoísta mecanismo. Ele não é um “deus justo”, e peca por concentrar riquezas em apenas um pólo e, no fundo sabemos, todas as tentativas de lhe por freios sob um sistema capitalista mostram-se meros paliativos que em nada atingem a raiz da questão fundamental.
Assim, a situação de dificuldade econômica e social de mais de dois terços da humanidade, causada pelo egoísmo e a falta de capacidade inata do mercado, enquanto ferramenta essencialmente capitalista, de atendê-los, fala por si só. A exacerbação neoliberal, a serviço da globalização do capitalismo financeiro, tem provocado, nos países periféricos, a destruição das economias locais, as quais antes tinham pelo menos a capacidade de sustentar seus habitantes dignamente. Portanto, que fique bem claro e patente: o Estado é indispensável à preservação do equilíbrio de forças em qualquer sociedade, representando o interesse público. Tal constatação não contradiz a existência do mercado, contudo o submete às necessidades e aos interesses da sociedade como um todo, e não aos interesses de uma dúzia de grupos econômicos transnacionais.
Lamente-se a apatia da sociedade em reconhecer este ludibrio da qual é vítima, pois a luta por saúde e educação pública de qualidade, por exemplo, deixaram inexplicavelmente de ser empreendidas com vigor por quase todas as organizações sociais deste país. Este comportamento pusilânime da sociedade custará caro não somente para a geração atual, mas principalmente para as que virão.
Não é difícil compreender como se processa a investida: Os países desenvolvidos, por apresentarem uma capacidade tecnológica algumas dezenas de vezes superior à dos países periféricos (o que, por sua vez leva, obviamente, a uma maior produtividade e a um menor preço unitário por produto fabricado), ao conseguirem (via pressão diplomática ou outros artifícios menos nobres) a abertura indiscriminada dos mercados de países subdesenvolvidos, conseguem desencalhar o excesso de produtos que a exacerbada concorrência entre seus pares (países ricos) impede que sejam absorvidos inteiramente no hemisfério norte. Por esta entrada de produtos oriundos do Norte nos mercados periféricos se processar com uma inelutável vantagem competitiva para as transnacionais em relação às empresas nacionais que fabricam os mesmos produtos, estas são simplesmente esmagadas pelas transnacionais, se o governo local não as proteger com alguma tarifa de importação (ou outro mecanismo qualquer, os quais são bastante conhecidos dos países ricos, que os utilizam sistematicamente para impedir a entrada em seus mercados de produtos oriundos de países do Terceiro Mundo).
Não nos esqueçamos que a abertura sem critérios dos mercados desses países é imposta pelos organismos financeiros multilaterais (Banco Mundial, BID ou FMI, etc) como condição para novos empréstimos ou refinanciamento de sua dívida externa. Ou seja, o país periférico não tem alternativa soberana caso fraqueje, permanecendo submisso à banca internacional. Logo todo seu mercado interno estará completamente infestado pelas transnacionais, e a nação terá abdicado de gerir políticas de desenvolvimento nacional pela absoluta falta de possibilidade de controle macroeconômico, já que o centro decisório da maioria dos agentes econômicos se encontrará fora de suas fronteiras.
A concentração de poder nas mãos das transnacionais, oligopólios que controlam os principais mercados do mundo, impressiona pela descomunal abrangência: sabe-se, por exemplo, que apenas dez empresas controlam mais de setenta por cento da produção de computadores, outras dez controlam mais de oitenta por cento da indústria automobilística, somente sete empresas produzem mais de noventa por cento de todo o material de saúde vendido no mundo, e apenas oito empresas dominam mais de setenta por cento do setor petroquímico em todo o mundo. Outro dado aterrorizador consiste em que dos cento e noventa e quatro países pelo menos “formalmente” soberanos, cento e oitenta deles (quase noventa e três por cento, portanto) possuem um PIB inferior à movimentação financeira da General Motors, da Ford ou da Exxon.
Óbvio que de livre o mercado mundial não tem nada. Aliás, conforme assinalei anteriormente, a liberdade de mercado é imposta somente aos países periféricos, com vistas a se implementar o “mercado persa” das transnacionais em todo o hemisfério Sul, ou seja, a ingênua crença de que o comércio internacional irrestrito permitiria aos países mais pobres alcançar o mesmo progresso dos países ricos vai tanto contra a experiência histórica quanto contra o bom senso, e a geração de desigualdades tão crescentes ocasionará grandes encrencas futuras.
O mercado, essa instituição mitológica que, segundo a escola clássica da economia, “requentada” agora pelo neoliberalismo, resolveria plenamente todos os problemas econômicos da humanidade através de sua “mão invisível”, infelizmente na vida real funciona tal qual a “justiça cega” que impera em muitos países, que “abre um minúsculo furo na venda para ver quem lhe interessa beneficiar". Exatamente por conta deste incontornável apanágio, que lhe é absolutamente congênito e indissociável, sociedade alguma pode sobreviver completamente desprotegida deste injusto e egoísta mecanismo. Ele não é um “deus justo”, e peca por concentrar riquezas em apenas um pólo e, no fundo sabemos, todas as tentativas de lhe por freios sob um sistema capitalista mostram-se meros paliativos que em nada atingem a raiz da questão fundamental.
Assim, a situação de dificuldade econômica e social de mais de dois terços da humanidade, causada pelo egoísmo e a falta de capacidade inata do mercado, enquanto ferramenta essencialmente capitalista, de atendê-los, fala por si só. A exacerbação neoliberal, a serviço da globalização do capitalismo financeiro, tem provocado, nos países periféricos, a destruição das economias locais, as quais antes tinham pelo menos a capacidade de sustentar seus habitantes dignamente. Portanto, que fique bem claro e patente: o Estado é indispensável à preservação do equilíbrio de forças em qualquer sociedade, representando o interesse público. Tal constatação não contradiz a existência do mercado, contudo o submete às necessidades e aos interesses da sociedade como um todo, e não aos interesses de uma dúzia de grupos econômicos transnacionais.
Lamente-se a apatia da sociedade em reconhecer este ludibrio da qual é vítima, pois a luta por saúde e educação pública de qualidade, por exemplo, deixaram inexplicavelmente de ser empreendidas com vigor por quase todas as organizações sociais deste país. Este comportamento pusilânime da sociedade custará caro não somente para a geração atual, mas principalmente para as que virão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário